Chama-se Movimento Norte Sim e é o novo movimento da Região Norte pautado por um único propósito: o da regionalização. “Acreditamos que, como as politicas públicas têm conduzido a um empobrecimento contínuo desta região, esse modelo tem de ser alterado”, evidencia Vítor Pereira, um dos promotores do movimento que já junta cerca de duas mil pessoas entre promotores e apoiantes “de todos os sectores de actividade”.

Um movimento e não um partido, como se dizia aquando da sua criação e que gerou polémica. A Constituição Portuguesa proíbe a formação de partidos assentes unicamente na regionalização, mas Vítor Alves garante que isso não é objectivo. “Costumamos dizer é que num dia em que a regionalização fosse implementada, se calhar deixaria de haver justificação para existir o movimento”, assume o promotor. No entanto, os movimentos são permitidos por lei, já que “as pessoas podem defender as opiniões que quiserem e um movimento é um movimento de opinião”, esclarece o politólogo André Freire.

O novo movimento assume-se, também, como um grupo sem “nenhuma conotação partidária”, já que a regionalização é uma “questão completamente transversal aos partidos”.

“Temos de olhar para a organização do território e para a definição das políticas públicas olhando para as necessidades de cada região”, aponta Vítor Alves pois, caso contrário, “só serve para aumentar as disparidades entre as regiões”. O promotor considera, ainda, que esta situação gera uma dualidade entre os cidadãos. “Não podemos continuar com portugueses de segunda e portugueses a serem mais beneficiados”, declara em entrevista ao JPN.

Porto tem sido “altamente prejudicado”

Para Vítor Alves, o Porto tem sido “altamente prejudicado”, mas há regiões onde a disparidade é maior e “inaceitável”, como é o caso da região transmontana. “Quando foram conhecidos os números do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC), podemos constatar que o investimento per capita de um cidadão de Bragança é vinte vezes inferior àquilo que é o investimento de um cidadão de Lisboa”, denuncia.

Mas, para o movimento, também o Porto tinha a ganhar com a regionalização. “Há dez, vinte anos, o Porto era o centro financeiro e empresarial do país”, conta o promotor, adiantando que, agora, o cenário é bem diferente, com a “emigração das empresas do sector empresarial e financeiro” e com a escassa empregabilidade que existe na região.

Assim, Norte Sim vê na regionalização a “única solução”. “Não é só a Região Norte que está em causa, é o próprio país”, argumenta Vítor Alves, acrescentando que só assim se passaria a olhar atentamente para as regiões mais desfavorecidas. “As regiões mais pobres é que deviam ter maior investimento para conseguirmos um desenvolvimento mais harmonioso do país”, evidencia.