O governo espanhol quebrou uma promessa antiga. O executivo de Zapatero optou, ontem, quarta-feira, por cortar nos gastos sociais, uma medida sempre afastada pelo governo como possibilidade de combate à crise.

José Luís Rodríguez Zapatero anunciou no Congresso de Deputados um plano de combate ao défice há muito exigido pela União Europeia (UE) e agora pedido também pelos Estados Unidos.

Medidas bem recebidas em Bruxelas:

O plano de Zapatero foi elogiado por vários responsáveis da UE. Segundo a “Reuters“, o presidente da Comissão, Durão Barroso, agradeceu o compromisso dos cortes orçamentais assumidos por Espanha e Portugal. Também o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, louvou a “direcção correcta” que o governo espanhol tomou. Também o vice-presidente da UE, o espanhol Joaquín Almunia, classificou as medidas do executivo de Madrid de “lógicas” e “estritamente necessárias para acabar com a pressão que os mercados têm exercido sobre a dívida espanhola”.

A administração pretende reduzir em média 5% dos salários públicos e, em alguns casos, os cortes nos vencimentos podem ir até aos 15%. Do rol de medidas faz parte também a suspensão da revalorização das pensões em 2011, ficando, contudo, a salvo a revisão das pensões mínimas.

O executivo socialista pretende ainda eliminar o regime transitório para a reforma parcial e a prestação por nascimento de 2500 euros a partir de 1 de Janeiro. Vão ser também reduzidos os gastos em farmácia, com uma revisão dos preços dos medicamentos e a introdução da unidose. No plano de contenção está ainda previsto o corte financeiro de 600 milhões de euros para o desenvolvimento interno do país.

O governo vai aprovar, sexta-feira, um decreto-lei para poupar cerca de cinco mil milhões de euros até 2010 e um total de dez mil milhões até Dezembro de 2011. O objectivo do executivo passa por reduzir 6% o défice de 11% até 2011 e a 3% antes de 2013.

Segundo divulga a edição online do “El Mundo“, o presidente do governo reune-se hoje, quinta-feira, com os líderes da União geral de Trabalhadores (UGT) e da Confederação Sindical das Comissões Obreiras (CCOO) para explicar as soluções adoptadas, na tentativa de evitar mais manifestações e greves gerais.