A vasovasostomia microcirúrgica é uma técnica inédita em Portugal que permite que homens previamente vasectomizados voltem a ser férteis através da reconexão dos canais que tinham sido cortados. O Centro Hospitalar de Gaia/Espinho é o primeiro do país a realizar este tipo de intervenção cirúrgica.

Até aqui, como explica, ao JPN, Luís Ferraz, director do Serviço de Urologia, “os doentes vasectomizados só tinham duas soluções: ou iam ao estrangeiro fazer a reversão ou recorriam a reprodução assistida”. Agora é possível, dentro das fronteiras portuguesas, reverter a infertilização masculina.

Embora a técnica seja usada há cerca de um ano, tendo sido já realizadas três intervenções, só agora a notícia se tornou pública. De acordo Luís Ferraz, “não se podia falar em êxitos enquanto não houvesse bebés”. Agora que dois dos pacientes são pais, existe a “certeza absoluta que a técnica está dominada”, refere.

O director do Serviço de Urologia, revela que a aposta neste procedimento inovador em Portugal surgiu da consciência de que “quem faz muitas vasectomias tem de estar preparado para resolver o problema daqueles doentes que vão arrepender-se”. Tratando-se do serviço em Portugal que mais vasectomias faz – cerca de metade das que se fazem em todo o país – fez então todo o sentido que se avançasse no Centro Hospitalar de Gaia com o procedimento de vasovasostomia.

Custos quase nulos para o Centro Hospitalar de Gaia

A preparação do Serviço de Urologia para esta nova intervenção cirúrgica teve custos quase nulos. “Foi apenas um investimento em preparação humana”, diz o responsável. Quanto aos materiais, foram utilizados “os recursos de microcirurgia existentes no hospital no Serviço de Cirurgia Plástica”, refere Luís Ferraz.

Em termos humanos, um urologista fez formação no estrangeiro no sentido de dominar a técnica. “Foi assistindo e foi lendo até se sentir capaz de começar a operar”, explica o responsável pelo Serviço de Urologia.

Fruto dos resultados positivos que entretanto foram conseguidos, o hospital decidiu agora “informar a comunidade” da sua nova valência. Para isso vai apresentar formalmente o seu caso no próximo Congresso Nacional de Andrologia, no dia 20 de Maio.