“Totalitário”. Foi um dos adjectivos que José Pedro Aguiar-Branco usou para descrever o carácter do actual Governo. O deputado do PSD, em conferência ontem, quarta-feira, na Universidade Católica, no Porto, definiu a presença do Governo como “excessiva”, falando numa privação da liberdade de acção.

As declarações foram feitas numa mesa redonda inserida na conferência “Olhando Para o Futuro: Porque Todos Querem Ser do Centro”, enquadrada na apresentação do Master in Public Administration (MPA), uma parceria entre a Universidade Católica do Porto e a Universidade de Aveiro.

A discussão girou em torno da política em Portugal e foi moderada por Ricardo Jorge Pinto. O director do Expresso desafiou Aguiar-Branco e Carlos Lage, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Norte (CCDRN), a debater a dicotomia entre a ideologia centrista enquanto símbolo de moderação e de progresso e enquanto exemplo de ausência de propostas.

O ex-ministro da Justiça declarou que não acredita que o país esteja a ser governado ao centro, apesar de haver um “complexo de centro” depois de décadas de “complexo de esquerda do pós-25 de Abril”. O social-democrata negou afastou-se, então, da opinião manifestada por Ricardo Jorge Pinto, para quem os partidos estão a ceder a uma “eficácia eleitoral” (que se demite de posições extremistas), em detrimento da “eficácia política”.

Carlos Lage apresentou a posição contrária, falando da ideologia centrista existente nas democracias ocidentais como sinónimo de moderação, ao tentar “atenuar os antagonismos” entre partidos.

A mesa redonda foi precedida por um colóquio que teve como oradora convidada a secretária de Estado da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques. Na intervenção intitulada “Olhando para o futuro: o Estado e a Administração”, defendeu que a política no futuro deve investir na inovação e na simplificação dos serviços.