Camilo Castelo Branco e Ana Plácido foram algumas das pessoas julgadas no primeiro Tribunal Criminal do Porto. Nos anos 20 do século passado, o edifício transformou-se num cabaret relembrado, mais tarde, num filme do realizador Manoel de Oliveira: “Porto da minha infância”.

Hoje, o número 178 da Rua Filipa de Lencastre reabre para acolher o Rádio Bar, que funcionava na Alfândega e se mudou, agora, de armas e bagagens para a Baixa. A mudança de local foi motivada pela dinamização desta zona da cidade. Os mentores do projecto, Pedro e Ricardo Salazar (irmãos que já integravam o antigo Rádio Bar), juntamente com Abel Montenegro, António João Ribeiro e José Bastos, decidiram ir de encontro à mudança e apostar na Baixa do Porto.

Apesar de ainda “se encontrar degradado”, o que agradou aos cinco sócios foi a história inerente ao edifício. “Todos os outros não tinham uma história e este tem uma história”, refere Abel Montenegro ao JPN.

Horário de funcionamento

De acordo com Abel Montenegro “a vontade dos proprietários” é que o Rádio Bar abra:
-Segunda, Terça, Quarta: das 14h00 às 02h00
-Quinta, Sexta, Sábado: das 14h00 às 04h00

Hoje, o prédio de dois andares inaugura apenas o rés-do-chão. No entanto, os proprietários esperam que a esplanada existente no jardim das traseiras do edifício esteja concluída em Junho. Quanto ao piso superior, a abertura está prevista para Setembro ou Outubro.

Abel Montenegro considera positiva esta abertura faseada do edifício e salienta que um dos principais desafios é “tentar relembrar um bocado a história do bar”. “Nós pretendemos realmente dar vida ao edifício e fazê-lo reviver aquilo que ele já foi no passado”, refere o proprietário para quem o “julgamento” de alguém em jeito de peça de teatro podia ser uma opção. “Podemos julgar aqui alguém famoso. Trazer o José Sócrates para ser julgado”, brinca o proprietário.

Além do reviver do passado, os proprietários pretendem fazer do edifício um espaço “eclético”, bem como seguir o conceito que lhe dá o nome. “Vamos tentar fazer emissões de rádio no jardim para os mais curiosos, dinamizá-lo com feiras de discos de vinil, cd’s”, exemplifica.

De acordo com o proprietário, o Rádio Bar vai tentar ainda ser “o mais dinâmico possível”, através de “espectáculos ao vivo, divulgação de artistas, principalmente aqui do Porto, nas várias vertentes, como fotografia, pintura, escultura ou peças de teatro”. Para já, Abel Montenegro explica que ainda se vive um “fervilhar de ideias”, a por em prática “à medida” que forem sendo criadas “condições”.

O objectivo é chegar a uma “maior variedade de públicos” e as expectativas são, neste momento, “as melhores possíveis”. No entanto, Abel Montenegro não esconde que a maior dificuldade é “financeira” e afirma que “não existe qualquer ajuda para reabilitar uma coisa destas”. Para hoje e quanto a surpresas, o proprietário deixa a ideia no ar: “quem sabe apareça uma figura pública a dançar no varão”.