Desenhado pelo arquitecto Siza Vieira, o edifício que acolhia o supermercado da Unicoope, na rua Álvaro Gomes, já está abandonado “há mais de dez anos”, afirma um dos moradores da rua, Artur Ribeiro. “O supermercado até tinha bom movimento”, explica o residente, mas o aparecimento de outros espaços comerciais nas redondezas o encerramento.

Para Paulo, também morador, as características da superfície comercial, podem igualmente ter contribuído para o fecho. “Não tinha a variedade e a qualidade que outros tinham”. Sem conhecerem, realmente, os motivos do encerramento, os habitantes não negam que agora a rua é “naturalmente mais sossegada”, afirma Paulo.

Contudo, o fecho da rua não trouxe só o “sossego”, mas também alguma insegurança, já que, de acordo com os moradores, quando o supermercado fechou era “frequente” encontrar toxicodependentes no edifício. “Já entraram lá drogados”, afirma Artur Ribeiro. Manuela Silva, filha de uma das moradoras, refere também que a mãe “foi assaltada ainda há pouco tempo” e acredita que podem ter sido as pessoas que habitavam o edifício. “Sei que existem problemas, mas nunca vi”, afirma Maria Simões, também habitante da rua.

O edifício está agora fechado a cadeado e, na rua Álvaro Gomes, ainda se desconhece o futuro do antigo supermercado. “É pena deixar durante tanto tempo um edifício destes abandonado”, afirma Paulo. No entanto, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) está neste momento a desenvolver alguns “estudos” para a instalação de uma Unidade de Saúde Familiar (USF) no edifício, mas “ainda não está nada decidido”, explica o assessor da ARS Norte, Antonino Leite.

“A solução encontrada quando não é possível construirmos edifícios de raiz é readaptarmos ou requalificarmos edifícios para o efeito”, revela o assessor. No caso do projecto avançar, a Unidade de Saúde Familiar vai prestar aos habitantes locais “os cuidados de saúde primários”, como explica o assessor. Apesar de ainda não haver certezas, Antonino diz que “nesta fase, não há entraves absolutamente nenhuns” à instalação da USF.