Considerado um “dos maiores eventos nacionais dedicados ao empreendedorismo”, a Spie UP 2010, procurou, em três dias, através de conferências, workshops e sessões de networking, colocar a comunidade académica em contacto com exemplos de inovação e sucesso de nível nacional e internacional. A iniciativa foi organizada pelo Clube de Empreendedorismo da UP (CEdUP).

O final de tarde do segundo dia da Semana de Promoção da Inovação e do Empreendedorismo foi marcado pela Ciência e Tecnologia. A Faculdade de Engenharia da UP (FEUP) abriu as portas a nomes como Purificação Tavares, Paulo Taylor, António Murta e Javier Martinez, que falaram das suas experiências, numa conferência moderada por Gonçalo Cruz, membro do CEdUP.

Purificação Tavares foi a primeira a discursar. A médica e professora vingou no mundo dos negócios quando, em 1992, abriu o primeiro laboratório privado de genética em Portugal. “Toda a genética era feita em laboratórios estatais e nós achamos que se podia fazer melhor”, explica. Actualmente o laboratório desenvolve “20% da actividade” a nível internacional e, no ano passado, realizou “56 mil testes”.

“Fomos os primeiros em várias coisas em Portugal, por isso temos muitas responsabilidades”. Distinguida com o “Emerging Entrepreneur” no Prémio Ernst & Young Entrepreneur Of The Year 2010, Purificação Tavares deixou alguns conselhos aos futuros profissionais, afirmando que é importante “não ouvir todas as acções de desencorajamento”, “ter um produto diferenciador” e “uma postura empreendedora forte”.

“Ser empresário não é algo que nasce connosco”

Da genética ao “e-Buddy”, Paulo Taylor, o criador do aplicativo que permite aceder às redes sociais, também marcou presença no Spie UP. “Começou como um hobbie e, como em qualquer hobbie, as coisas são feitas com paixão e com vontade”, referiu. A empresa, que nasceu em 2004 num “sótão” em Amesterdão “sem capital inicial”, conta hoje com “160 mil novos utilizadores por dia”, explicou Paulo Taylor.

O terceiro testemunho da tarde coube a António Murta. Com uma vasta experiência na área do retalho nacional e internacional, “costuma” dizer que é “merceeiro e não engenheiro”. Considera que “ser empresário não é algo que nasce connosco”. “Aprendi a ser empresário a trabalhar”, refere. Actualmente tem vindo a investir em várias empresas nacionais, decisão que justifica dizendo que quer “ajudar Portugal a exportar”. “Se não exportarmos, estamos condenados a ser mais pobres do que somos”, afirma.

O empresário entende que “há um défice claro de empreendedorismo na nossa sociedade” e afirma que “faz parte dos que acredita na engenharia portuguesa”. Para os estudantes, deixou a dica: “não basta ter uma boa ideia. É preciso vencer as outras ideias no campeonato das ideias”.

O exemplo “vizinho”

Javier Martinez, criador da empresa River Technology e especialista em nanotecnologia e ciência dos materiais, foi nomeado World Global Líder em 2009. A empresa em que trabalha desenvolveu um método que, aplicado às refinarias, consegue aumentar a quantidade de crude transformado em gasolina. Assim, “as refinarias podem produzir mais 60 cêntimos por barril”, explica.

O investigador afirma “acreditar no talento” e, por isso, acha fundamental “ver onde estão os melhores e trabalhar com eles”. De acordo com Javier Martinez, “as empresas são feitas de pessoas” e “o mais importante de tudo é a equipa”. “A tecnologia falha, o negócio muda e fica a equipa”, entendr. Para terminar, o investigador não deixou de referir que o importante é “sempre arriscar”.