A política até agora instituída, conhecida como “Don’t ask, don’t tell”, pode ter os dias contados. Na segunda-feira, a Casa Branca e vários congressistas chegaram a um acordo relativamente ao impedimento de que os homossexuais eram alvo, ao serem proibidos de incorporar funções no exército norte-americano se assumissem abertamente a sua orientação sexual.

A iniciativa, que foi bem recebida junto dos grupos de defesa dos direitos dos homossexuais, surge, tal como revela o “The New York Times“, depois do envio de uma carta para o Congresso e para a Casa Branca, por parte de alguns soldados reformados, que pedia o fim da política “discriminatória e equivocada”.

Aguarda-se agora a aprovação do texto pelos hemiciclos de ambas as câmaras. Ainda assim, se a lei seguir em frente, só em finais de 2010 é que poderá entrar em vigor, já que é necessária uma intervenção na legislação, o que implica um processo de revisão por parte do Pentágono.

Reacções diversas nos cenários político e activista norte-americanos

“Estamos perto de um feito histórico, tanto para reforçar as nossas forças armadas, como para respeitar o serviço das tropas lésbicas e gays”, admitiu Joe Solmonese, presidente da Campanha dos Direitos Humanos, a partir de uma nota de imprensa.

Os senadores Joe Liebermann e Patrick Murphy defendem, de forma persistente, a abolição do “Don’t ask, don’t tell”, tendo afirmado, em comunicado, estar “comprometidos a afastar a política que tem impedido milhares de homens e mulheres de servir abertamente as forças armadas.” “Na nossa firme convicção, chegou a hora de acabar com essa política discriminatória”, defendem.

Já o republicano Mike Pence não é da mesma opinião. O republicano afirma, tal como revela a cadeia de televisão “ABC“, que “o povo americano não quer que o exército seja usado para avançar uma agenda política liberal”.

A organização conservadora do Conselho de Pesquisa para a Família (FRC) acusa o governo de “forçar o exército a aceitar a homossexualidade só para agradar a apoiantes políticos”. Tony Perkins, presidente da organização, diz ainda que “este acordo é a admissão tácita de que depois das eleições de Novembro, os democratas vão perder a maioria”, sendo que agora “querem alcançar tudo o que conseguirem”.

Um comunicado emitido pelo Departamento de Defesa norte-americano, mostra que o secretário da mesma pasta, Robert Gates, apoia a modificação da norma caso a revisão pendente também a aprove. “O secretário Gates continua a acreditar que, idealmente, [a revisão] deve ser concluída antes que haja qualquer legislação que revogue a política do “Don’t ask, don’t tell”, lê-se no comunicado.

A controversa medida política foi iniciada durante o primeiro mandato de Bill Clinton, em 1993, para impedir a perseguição a gays e lésbicas no exército, o que implicou a saída de mais de dez mil elementos do corpo das Forças Armadas americanas.