Nas vésperas do campeonato do Mundo de futebol, uma altura de jogo-treinos, de começar as tão fadadas cadernetas de cromos com todos os estádios, símbolos, logos, selecções, árbitros e sabe-se lá mais o quê – pergunto se o cromo do Maradona tem alguma referência especial de como “colar” – o desporto nacional é mesmo o… espancamento verbal do seleccionador nacional.

Sim, já se sabe que o futebol é que interessa e são os 11 dentro do campo que fazem a “redondinha” saltitar até às redes dos adversário. É também sabido que temos “grandes jogadores dos melhores clubes das melhores ligas do mundo”, como confirmou Nani. E sabe-se, claro, que uma vitória no Campeonato do Mundo garante um prémio de 340 mil euros para cada um dos jogadores da Selecção Nacional; mas o que importa mesmo é desancar a torto e a direito no treinador.

Não me entendam mal, não sou um fervoroso “queirosiano”, tal como já não fui um fervoroso “scolariano”. Aliás já não sou adepto de nenhum treinador da selecção nacional desde Humberto Coelho. Mas sou português. Compreendo que esta afirmação necessite de explicação portanto cá vai: Acho que temos selecção para ir longe, não acho que temos um grande treinador, mas acho que temos ainda menos vontade.

Peguemos no jogo de Cabo Verde como partida. Já se sabe que a duas ou três semanas do início do Campeonato do Mundo, Queiroz não vai mexer no esquema táctico e por muito que tenhamos jogadores para jogar num 4-4-2 losango, o 4-3-3 vai prevalecer e os jogadores, que já jogam neste esquema desde o tempo de Scolari, só se podem conformar com isso e jogar. Portanto, na última partida de apuramento, Queiroz manteve-se fiel a si próprio e à parte do erro de ter posto Deco a titular (que, claramente e infelizmente, está em baixo de forma) não lhe registei mais nenhum erro de casting.

Então o que é que faltou? Duvido que Queiroz tenha dito para os jogadores conservarem a bola e chegarem ao fim com 0-0, e por favor, POR FAVOR, não me venham dizer que Queiroz não sabe motivar os jogadores como Scolari. Isto não se trata da 3.ª divisão B onde os jogadores têm de pagar para jogar. É a Selecção Nacional e o país é uma honra e um dever. É o Mundial. Os jogadores têm de sentir essa motivação logo a partir do momento que ouvem o seu nome está na convocatória.

E por falar em convocatória… 51? Até o Maradona que convocou para cima de 60 jogadores na fase de apuramento fez uma pré-convocatória com 30 jogadores. Queiroz, 51? Eu bem que não queria mas acho que vou ter mesmo de aderir ao desporto nacional.