“Foi através da loja de Serralves que surgiu essa possibilidade”, explica Íris Cleto, uma das designers com peças expostas no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMa). A Fundação Serralves, parceira do museu nesta iniciativa, convidou artistas que já tinham peças na sua loja a exporem para os representantes do MoMa. “Propuseram-me a possibilidade de expor quando viessem cá os representantes do MoMa e eu obviamente aceitei”, explica Íris. “Serralves acaba por ser uma interlocutora fundamental”, frisa.

De todos os que expuseram apenas 14 foram convidados a levar os trabalhos para Nova Iorque. António Azevedo, um dos seleccionados, também já tinha peças na loja de Serralves. “A fundação convidou-me porque achou que o meu trabalho tinha a ver com o MoMa”, explica. Apesar de ter concorrido com os Galos de Barcelos que produz, foi pelos “montaditos”, feitos com legos reciclados, que conseguiu o convite. “As pessoas que vieram fazer a selecção gostaram imenso dos montaditos”, refere.

Patrícia Franco é outro dos exemplos dos artistas seleccionados. Para a designer, esta oportunidade é “extremamente importante”, já que “ainda acontece muito, um pouco por todo o lado, não saberem sequer que nós existimos enquanto país”. “Há imensos criadores que merecem destaque pelo trabalho que têm desenvolvido”, sublinha Patrícia.

Esta opinião é partilhada por António Azevedo, para quem “ser seleccionado foi um orgulho”. “É uma coisa que nunca me passou pela cabeça”, admite. De acordo com o artista, para o país deve ser também um motivo de “orgulho ter vários designers com peças no MoMa de Nova York”. “Afinal, eu como alguns dos que participaram são pequenos artesãos, são pequenos designers, não temos grandes indústrias”, acrescenta.

Quanto a expectativas, Patrícia Franco afirma que “se criam sempre algumas”, mas não deixa de referir que “simplesmente” espera “que apreciem o trabalho”. Também Íris Cleto não deixa de “confessar” que, “neste caso, as expectativas não são muito elevadas”. “É só mesmo uma questão de mostrar”, explica. Para António Azevedo, o importante é que o trabalho seja “conhecido”.

Grande parte das cem peças levadas para Nova Iorque foram produzidas com materiais tradicionalmente associados a Portugal, como é o caso da cortiça, ou com recurso a materiais reciclados. O objectivo é “mostrar artes e ofícios das gerações passadas” e aquilo que se faz em Portugal ao nível do design.