O Lusocord é o único banco público português de recolha de células estaminais e fica no Centro de Histocompatibilidade do Norte (CHN). Nasceu em Junho do ano passado e, apesar de localizado no Porto, o banco faz a recolha em todo o país sem “nenhum gasto por parte das dadoras”, como explica Helena Alves, directora do CHN.

Até agora, o banco já recebeu mais de quatro mil amostras. O processo de doação começa com o preenchimento de um inquérito por parte da mãe, que pode ser feito directamente no centro ou por e-mail. “Se passarem no inquérito, têm de fazer algumas análises para garantir que não há qualquer tipo de risco”, explica Elsa Moreira, técnica de laboratório.

De acordo com a técnica, “qualquer mãe pode ser dadora de sangue do cordão”, desde que cumpra requisitos como “não ter nenhum historial clínico de neoplasias, não ter realizado tatuagens ou piercings nos últimos tempos ou não ter tido comportamentos de risco sexual ou de uso de drogas”.

Depois de analisada a situação clínica da grávida, o kit para a recolha pode ser levantado no centro, “por volta das 36 ou 37 semanas” de gravidez. No caso da mãe não poder deslocar-se ao CHN, o kit é enviado para casa depois de efectuado o pedido. Após o nascimento do bebé, a amostra tem de chegar ao Lusocord “pelo menos nas 48 horas a seguir à colheita”, refere Elsa Moreira. Os kits são devolvidos ao CHN pelos pais ou pela transportadora contratada pelo centro.

Qual a importância de um banco público de células estaminais?

“Qualquer uma das amostras pode vir a salvar uma vida e esse é o nosso objectivo”, afirma Elsa Moreira. Ao doar as células estaminais para um banco público, as grávidas vão permitir que estas estejam disponíveis para qualquer pessoa. “É um banco que vai permitir a qualquer pessoa usar estas amostras”, explica a técnica.

Aqui reside a diferença entre o banco público e os privados, já que nestes as células são guardadas para uso próprio do dador – “o serviço é o mesmo, as intenções são diferentes”, como refere a técnica. Porém, “a probabilidade de virem a ser usadas no público é maior”, acrescenta.

De acordo com Helena Alves, “a probabilidade de uma pessoa ter as células estaminais guardadas e elas lhe servirem é baixa”. “Se isto fosse um seguro de vida era um seguro baratíssimo, de mil euros [o preço da doação nos bancos privados rondam este valor]. Qualquer casal podia, se não tivesse esse dinheiro disponível, fazer um empréstimo e fazer esse seguro para o filho. Infelizmente não é!”

No banco público há uma probabilidade de utilização das células por qualquer pessoa de “3% ao ano”, como explica Helena Alves. “Mas o [facto de] elas [as células] estarem cá não significa que sejam úteis. Poderão ou não vir a ser úteis.”