A falta de emprego e a insatisfação pessoal levaram Faruk Dolgun a deixar a família na Turquia e rumar até Portugal. “No Porto só conheço mais uma pessoa turca, a minha prima”, esclarece.

O imigrante trabalha há seis meses no restaurante “Divan”, na Praça Filipa de Lencastre. O estabelecimento oferece “comida turca variada”, que até é, explica, “parecida à portuguesa”. Mas, apesar da semelhança gastronómica apontada, Faruk sente dificuldades na “cultura, vida e língua” do seu país de origem.

Dossier Minorias Étnicas:


Igualdade na minoria, desigualdade na etnia
Uma viagem de “casa às costas”
Uma aventura no Ocidente
Uma oportunidade para mudar de vida do outro lado do continente

Dois anos após a chegada, Faruk admite que a maior ajuda para aprender a língua portuguesa é o contacto com os clientes. “A cada dia aprendemos uma nova palavra”, salienta.

O imigrante aprecia a temperatura e o sol de Portugal, mas já se deparou com alguns problemas na assistência médica. “O atendimento na saúde é melhor na Turquia. Há dias fui ao Hospital de Santo António e esperei sete horas”, queixa-se.

Para já, o turco não quer regressar e ambiciona ter mais estabilidade financeira.

Intercâmbio de culturas

Para dar resposta aos problemas da comunidade turca em Portugal existe a Associação Amizade Luso-Turca sediada em Lisboa e no Porto. Ali Akça, director da sede portuense, revela que o principal objectivo é “criar uma ponte de amizade entre Portugal e a Turquia.”

“Ao todo são dez pessoas” as que prestam auxílio aos turcos radicados no país, mas “agora só estão três a tentar realizar actividades e impulsionar o grupo”, explica Ali Akça. A associação tem apenas três anos e junta estudantes de mestrado, doutoramento e alunos Erasmus.

“Mais do que diferenças temos coisas em comum: parecenças físicas, gente simpática e generosa”, entende. O grupo ambiciona trazer as tradições turcas para a Invicta, mas também “dar a conhecer Portugal aos turcos”. Anualmente, vários universitários realizam viagens e intercâmbios entre os dois países.

No que diz respeito à entrada da Turquia para a União Europeia a resposta é bastante simples para o director: “Se não entrarmos para a UE, não há problema, porque a Turquia está a ganhar força”.