Depois de uma segunda noite praticamente esgotada, a praia do Cabedelo pareceu pequena para receber todos os que rumaram até ao Marés Vivas na última noite do festival. Com um cartaz apetecível, era grande a afluência ao final da tarde, fazendo prever a maior enchente da oitava edição do evento.

Quando Ben Harper subiu ao palco, sorridente e a acenar ao público, era praticamente impossível circular pelo recinto. Com um atraso de 15 minutos, o público respondeu efusivamente logo no início do espectáculo, ao cantarem em uníssono um dos grandes temas do cantor californiano, “Diamonds On The Inside”. Na bagagem, Ben Harper traz o disco de 2009, “White Lies for Dark Times”, que explora a vertente rockeira do artista.

Energético e bem disposto, Ben Harper fez questão de lembrar o público do “local fantástico” onde se realiza o festival. Numa actuação pautada pelo som da guitarra e pelas jam sessions, o cantor de Claremont tocou “Billie Jean”, de Michael Jackson, antes de fazer o público vibrar com o tema “Better Ways”.

Acompanhado pelos Rentless7, Ben Harper não termina o concerto sem antes voltar ao mais recente trabalho para tocar o tema “Up To You Now”. Com direito a dois encores, o público não arredou pé do recinto e aplaudiu energicamente o artista que fechou em grande, depois de 2h20 de espectáculo, a oitava edição do Marés Vivas. No final, Ben Harper teve ainda tempo para apresentar os Rentless7 e agradecer todo o carinho do público.

E se Ben Harper conseguiu controlar a maré, os Editors estiveram longe de chegar a bom porto. Apesar do início de concerto efusivo e electrizante, ao som de “In This Light and on This Evening”, Tom Smith e companhia não esqueceram os temas que os catapultaram para as luzes da ribalta. Com “An End Has a Start”, “Bones” e Bullets”, os Editors agitaram o mar de gente que não quis perder a última maré do festival. Depois de mais um tema novo, “Eat Raw Meat = Blood Drool”, os britânicos voltam a fazer soar as vozes treinadas dos festivaleiros ao som de “Munich”.

Quando o concerto, sempre energético, atinge o auge, ao som de “The Racing Rats”, o inesperado acontece: no início de um dos mais famosos temas da banda, “Smokers Outside The Hospital Doors”, o espectáculo é interrompido. Depois de 2 tentativas para recomeçarem o concerto, os Editors acabam por abandonar o palco. Sem explicações, a actuação é interrompida durante 10 minutos.

Com as luzes do palco acesas, a banda acaba por regressar ao palco e encurtar o concerto. Depois dos pedidos de desculpa, ainda são tocados três temas em jeito de despedida atribulada. Com “Bricks and Mortar” e “Papillon”, a banda de Tom Smith termina a actuação e deixa para trás um público que pedia mais de uma das grandes revelações britânicas dos últimos tempos.

Praia, romantismo e rock & roll

Com o final do dia chega a altura de abrir o palco TMN. De óculos de sol, Nikolai Grandjean sobe ao palco sozinho por volta das 20h30. Na bagagem veio o disco de estreia, “Carrying Stars”, pouco conhecido pelo público português, com excepção do tema “Heroes & Saints” que toca nas rádios nacionais à conta de uma novela que passou recentemente no país.

Um concerto consistente, calmo e romântico fez as delícias do público que já se encontrava em frente ao palco principal. Depois do tema “This Picture”, Nikolaj Grandjean recebe em palco Mikkel Lomborg e Christian Winther, preciosa ajuda ao longo do concerto. No final do espectáculo o tema “Love Rocks” faz soltar os suspiros da audiência feminina e termina de forma romântica o primeiro espectáculo do dinamarquês Nikolaj Grandjean em terras lusas.

Depois do primeiro concerto calmo e suave, foi a vez dos belgas dEUS subirem ao palco cheios de garra e energia. “Bad Timing” deu início a um concerto que prometia muitos aplausos.
Com o último álbum, “Vantage Point”, editado em 2008, a banda de Tom Barman não esqueceu os temas do passado. Em “Fell Off The Floor, Man” recuámos até 1996, para logo depois ouvirmos os mais recentes “Slow” e “Smokers Reflect”.

Já bem perto do final, Tom Barman promete, em português bem perceptível, voltar a Portugal para apresentar o novo álbum que já está a ser preparado. Com o público animado, “Nothing Really Ends” acaba por ser um dos grandes momentos da actuação dos dEUS. Com energia para dar e vender, a banda ainda tem tempo de voltar a 1994 com o tema “Morticiachair”, do álbum de estreia “Worst Case Scenario”.

Para as despedidas, os dEUS terminam o concerto com a mesma energia inicial ao som de uma das músicas mais famosas da banda, “Suds and Soda”.

A energia do palco dos portugueses

Num dia onde passaram pela praia do Cabedelo 25 mil pessoas, os concertos arrancaram, no palco TMN Moche, ao som dos João Só & Abandonados e dos Caim. Sempre com muita energia, foram poucos os que resistiram ao som das duas bandas nacionais que inauguraram os concertos do último dia de Marés Vivas.

Nos últimos três dia passaram pela praia do Cabedelo cerca de 65 mil pessoas. Vila Nova de Gaia volta a receber o festival no próximo ano, altura em que se celebram 9 anos de Marés Vivas.