Nos últimos meses deste ano há espaço para quase tudo no Teatro Nacional São João (TNSJ). Ao teatro e à dança junta-se o cinema. Um elemento “inédito” que prova que esta é uma programação “diversificada e multifacetada” e “muito virada para os espectadores”, frisou, esta quarta-feira, em conferência de imprensa, Nuno Carinhas, director artístico da instituição.

A época, dedicada “por inteiro” a Paulo Eduardo Carvalho, arranca com “A Gaivota”, de Anton Tchékhov, com estreia marcada para 15 de Setembro. Depois de “Platónov”, a peça assinala o regresso do encenador Nuno Cardoso aos textos de Tchékhov. A trilogia termina no próximo ano com a passagem de “As Três Irmãs” pelo Teatro D. Maria II.

Pina Bausch em 2011:

A programação para 2011 ainda não está “completamente fechada”, confessa Nuno Carinhas. No entanto, ficam algumas pistas. O festival Dancem! recebe, em Junho, duas peças da companhia Pina Bausch em estreia nacional. O monólogo “Glória ou como Penélope Morreu de Tédio” marca o regresso de Albano Jerónimo ao TNSJ. Também Beatriz Batarda está de volta com “Azul Longe nas Colinas”, de Dennis Potter. Juntamente com Cristina Carvalhal, Nuno Carinhas encena “Exatamente Antunes”, peça de Jacinto Lucas Pires a partir de “Nome de Guerra” de Almada Negreiros. Destaque ainda para os acolhimentos do D. Maria II: “1974”, de Miguel Seabra, e “O Homem Elefante”, de Sandra Faleiro.

Em Outubro, o cinema invade o TNSJ. “O Meu Coração Ficará no Porto“, de Jorge Campos, recorda a visita do general Humberto Delgado ao Porto em 1958. Já o realizador João Botelho, numa fuga às salas de cinema comerciais, exibe aqui o seu “Filme do Desassossego“, baseado na obra de Bernardo Soares, de 7 a 9 de Outubro.

Um dos grandes destaques é o regresso “muito aguardado” de Ricardo Pais “à sua casa”, como evidenciou Nuno Carinhas. Em “Sombras”, com estreia marcada para 18 de Novembro, o encenador continua a explorar a multiplicidade de linguagens que caracterizam o seu trabalho.

A peça surgiu de um desafio proposto a Ricardo Pais depois da passagem de “Turismo Infinito” por São Paulo. “Disseram-me que queriam algo que tivesse a ver com fado”, confessou o encenador aos jornalistas. Depois de “Cabelo Brando é Saudade”, Pais volta a percorrer as pisadas da maior expressão musical portuguesa, juntando, em palco, actores e bailarinos com artistas como a fadista Raquel Tavares e o músico Mário Laginha.

Destaques do final do ano

Ainda na programação de 2010, de destacar a habitual parceria com o Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP).

Ópera dos Cinco € Trans-gueto-express“, de Regina Guimarães, com encenação de Igor Gandra, está em cena de 17 a 24 de Setembro. Paralelamente, até 29 de Outubro, a pintora Sara Maia exibe “Role-Playing”, no Mosteiro de São Bento da Vitória, uma exposição que deveria acompanhar a peça “O Diálogo no Pântano”, de Marguerite Yourcenar, com encenação de Nuno Carinhas, que entretanto foi cancelada.

O Dia Mundial da Música, a 11 de Outubro, fica marcado por “Poema Sinfónico para 100 Metrónomos”, de György Ligeti. Neste espectáculo, fruto de uma colaboração com a Casa da Música e a Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE), explora-se a musicalidade dos metrónomos e, até, do silêncio.

The Futurist Manifesto“, ópera digital de Thomas Köner a partir do “Manifesto Futurista” de Marinetti, abre a edição deste ano da Trama – Festival de Artes Performativas. É a 14 de Outubro, no Mosteiro de São Bento da Vitória.

O mesmo espaço acolhe, em Novembro, dois espectáculos de dança apresentados no âmbito do ciclo Mezzanine, organizado pela Obra Madrasta. Dia 11 está em cena “Jetzt bist du dran”, projecto coreográfico de Georg Blaschke, que explora os conceitos de reconstrução e documentação. No sábado, 13 de Novembro, assiste-se ao regresso da canadiana Antonija Livingstone aos palcos portuenses. Em “Culture & Administration“, a coreógrafa colabora com Jennifer Lacey para contar a história – de amor – entre a Cultura e a Administração.

Já em Dezembro, de destacar “Still Frank”, um concerto encenado, com textos de Daniel Joanas, encenação de Ana Luena e participação de Peixe (ex-Ornatos Violeta). Trata-se de uma viagem ao universo de Frankenstein que oferece uma nova roupagem à narrativa de Mary Shelley.