Estudantes do Porto leram hoje este documento num protesto decorrido durante a cerimónia de abertura do ano lectivo no Ensino Superior Politécnico.

Nós, estudantes da Academia do Porto, em protesto nesta cerimónia oficial, dizemos:

Não há cerimónias porque nos últimos dez anos, um terço dos estudantes mais pobres abandonou o ensino superior, sendo que esta realidade aumenta a cada ano que passa.

Não há cerimónias porque nos últimos 15 anos, as propinas aumentaram 400% em Portugal.

Não há cerimónias enquanto este for o terceiro país da Europa com a educação mais cara.

Não há cerimónias enquanto tivermos um problema de democracia no ensino superior.

Não há cerimónias enquanto a redução e a falta de verbas destinadas à acção social continuarem a empurrar estudantes para fazer empréstimos.

Não há cerimónias porque 11 mil estudantes devem 130 milhões de euros à banca, quando ainda não trabalham, e não têm nenhuma garantia em relação ao seu trabalho futuro.

Não há cerimónias enquanto a maioria dos 70 mil bolseiros em Portugal receber de bolsa mínima apenas 100 euros por mês.

Não há cerimónias quando a resposta a um pedido de bolsa demora em média 4 meses.

Não há cerimónias quando, numa das maiories crises sociais de todos os tempos, o governo decide reduzir nas bolsas, atirando estudantes para fora do ensino superior.

Não há cerimónias quando um ano lectivo começa sem os serviços de acção social saberem os dados que necessitam para analisar os pedidos de bolsas, porque o sr. ministro ainda não fez aprovar a portaria necessária.

Não há cerimónias enquanto este “ensino” só for público para quem tem 1000 euros para pagar as propinas.

Nós, grupo de estudantes aqui em protesto, dizemos: Ensino Superior Público para todos e todas.