Estávamos em 2000, na viragem do milénio, quando o ensino do jornalismo no Porto sofreu uma mudança. Se até então, os “contadores de histórias” eram formados na Escola Superior de Jornalismo (ESJ), a partir desse ano o ensino público ganhou voz nesta área: nasceu o curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação (JCC).

Inicialmente, segundo conta Rui Centeno, director do curso, realizaram-se “contactos” para a “integração da Escola Superior na Universidade do Porto”. No entanto, acabou por nascer um curso independente da ESJ. A licenciatura em Jornalismo e Ciências da Comunicação surgiu com um “carácter único a nível nacional”, graças a um protocolo assinado entre as faculdades de Letras, Engenharia, Belas-Artes e Economia da Universidade do Porto.

Mas Jornalismo não é a única área de formação neste curso. De Jornalismo e Ciências da Comunicação, agora Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimedia (CC:JAM) saem, também, profissionais de Assessoria e Multimédia. Características que marcam a diferença em relação à licenciatura da Escola Superior. Para Helena Lima, docente que acompanhou a evolução de ambos os cursos, a “riqueza” do actual reside exactamente nas “diversas áreas” que o compõem e nos “professores com experiências muito diferentes”.

Com uma vertente forte na área do Jornalismo, os estudantes do curso tomaram a iniciativa de complementar a teoria com a prática. Assim, surgiram novos projectos como os jornais “UP” e “À Letra”. Aproveitando as potencialidades da internet, nasceram o JornalismoPortoNet (JPN) e o JornalismoPortoRádio (JPR).

Numa década, o curso lançou vários profissionais de sucesso, que, hoje em dia, são referências nos três ramos de formação. Apesar de muitos licenciados não conseguirem emprego nas suas áreas, o mercado de trabalho saturado não foi impedimento para afirmação de alguns dos ex-alunos. O estágio curricular revelou-se importante no início de uma carreira profissional.

“Reforçar laços” com parceiros externos é prioridade

Contudo, há quem procure outras formas de contrariar a falta de espaço no mercado de trabalho. Com base nos conhecimentos adquiridos, e com uma dose de coragem à mistura, há quem arrisque em criar projectos próprios. A Comni, “O Golo”, a Modal ou o “Porto24” são alguns dos exemplos do empreendedorismo de alunos e ex-alunos do curso.

Este tipo de projectos podem agora ser apoiados pelo novo pólo de Indústrias Criativas. Esta parceria entre o curso e o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) oferece “espaço para as pequenas empresas desenvolverem os seus projectos”, salienta Rui Centeno. Para além do pólo UPTEC, o curso tem ligação à TVU. (entidade da Universidade do Porto), ao Cetac.Media: Centro de Estudos das Tecnologias e Ciências da Comunicação e ao Laboratório de Infografia.

Para o futuro, o director do curso pretende reforçar laços com os parceiros externos para, assim, “aprofundar as competências” dos estudantes. Um exemplo disso será a “criação de um portal” com o jornal “Público”, onde os estudantes serão “integrados com jornalistas profissionais”. Uma “gradual abertura ao exterior” permitirá, segundo Rui Centeno, um crescimento “sustentável”.

Para a comemoração do 10.º aniversário da licenciatura em Ciências da Comunicação realizou-se, já, um concurso de fotografia, em que alunos, funcionários e docentes retrataram o curso com máquinas Lomo.

Para o início deste ano lectivo está prevista uma cerimónia de recepção aos novos alunos com uma conferência de um convidado nacional ou estrangeiro ainda a designar. Em Outubro, vão ter lugar as segundas Jornadas de Avaliação do curso. Em Dezembro, realiza-se o II Congresso Internacional de Ciberjornalismo.