Vivias em Londres. Foi uma opção tua fazer música cá. Porquê?
Existem portas abertas lá, mas quis afirmar-me perante o público português.

Não contribuiu para a tua decisão o pensamento de que, talvez, te destacasses mais aqui do que a fazer música em Londres?
Nunca me fizeram essa pergunta… Talvez, mas, em primeiro lugar, o que me fez vir para Portugal era o facto de ter um disco que achava fantástico… era uma pena Portugal não o conhecer. Depois de três anos, também estava um bocado cansado de viver em Londres. Como estava com a banda mais ao menos enraizada em Portugal – eu era o único que estava lá fora a gravar o disco – tive mesmo que voltar. Comecei a ver que o meu ganha-pão, até hoje, é a tocar aqui em Portugal, tenho de ser realista. Embora tenha feito umas coisas lá fora, isso não me dá dinheiro para a renda do meu apartamento. Tive de apostar onde realmente conseguiria e, consegui, vingar, o que me permite viver essencialmente da música.

Enquanto artista portuense, o que é que achas do ambiente cultural que se vive na cidade?
Neste momento, estou entre Porto e Lisboa. O ambiente cultural tem melhorado, mas é preciso retirar alguma coisa da capital. Há muita centralização. Vai tudo para lá: os melhores teatros e cinemas… É preciso puxar alguma coisa aqui para o Porto, porque as pessoas não são menos cultas do que lá em baixo. Precisamos de mais oferta, de ter mais coisas para ver e para fazer, de mais espectáculos.

Os jovens são a camada a que a tua música mais atrai?
Faço música para toda a gente e já cheguei a fazer só para mim. Juro-te que faço música para as pessoas. Os jovens são o público mais fiel! Uma vez que ainda não desenvolveram muito a personalidade – como são adolescentes, a personalidade ainda está a ser um bocado investigada e criada – é o público mais fiel, amigo e que mais te respeita.

Este ano estiveste no palco da Queima 2010, um espectáculo maioritariamente “povoado” de jovens. Como foi essa experiência?
Eu era o cliente habitual das queimas e, dum momento para o outro, torno-me músico profissional e actuo no palco da queima. Mais um sonho. Parece que as coisas vão acontecendo. Sabes quando metes uma coisa na cabeça e parece que não falta quase nada para chegares lá? Pronto, a Queima das Fitas do Porto foi uma dessas coisas. Foi mesmo inesquecível.

A curto prazo, que planos têm em vista para a banda?
Será tocar mais do que propriamente temos tocado. Por o disco ter saído tão tarde, “apanhamos” pouca coisa. Vamos tentar vender lá fora e tocar. Mostrar a minha música ao maior número de pessoas possível… É esse o meu sonho.