“Temos aqui alguma reciprocidade”. Foi assim que o António Rodrigues classificou o Protocolo de Mecenato assinado entre a ANA-Aeroportos e o Teatro Nacional S. João (TNSJ) na segunda-feira. O acordo entre as duas entidades terá a duração de dois anos e três meses, durante os quais a ANA será mecenas do teatro portuense em regime de não exclusividade e entregará ao teatro cerca de 200 mil euros.

O presidente do Conselho de Administração da ANA, António Guilhermino explica a decisão da empresa em se tornar mecenas do teatro com a necessidade de “atrair passageiros” para o Aeroporto Sá Carneiro, através do “desenvolvimento cultural”. “Se a projecção económica é importante, não é menos importante associar[-lhe] o desenvolvimento cultural, que se reflecte no desenvolvimento da comunidade”, entende.

Para assinar o acordo, estiveram presentes a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, o ministro das Obras Públicas e Comunicações, António Mendonça, António Guilhermino Rodrigues, presidente do Conselho de Administração da ANA, e Francisca Carneiro, presidente da Administração do TNSJ. Esteve também presente o movimento “Estou contra a extinção do TNSJ”, que rejeita a integração do TNSJ no OPART e se manifestou em frente ao teatro durante a greve geral de 24 de Novembro.

O ministro das Obras Públicas e Comunicações, António Mendonça, realça a importância da “promoção da cultura como factor de atracção de pessoas ao Porto”, anunciando a cooperação entre os dois ministérios para melhorar as actividades culturais. Segundo o ministro, “o Ministério das Obras Públicas e Comunicações não é só betão e estradas. Está, também, intimamente ligado às artes”, entende.

Gabriela Canavilhas, também presente, foi questionada acerca do receio da perda de autonomia por parte do TNSJ. Para a ministra, essa é, no entanto, uma “não questão”. “O melhor património que este teatro tem é a sua identidade e a sua autonomia e, portanto, isso nunca poderia estar em causa em qualquer modelo de gestão que fosse concebido para esta casa”, sublinha. A ministra referiu, no seu discurso, que há um receio de esgotamento a médio prazo do financiamento para o TNSJ, o que justifica a integração do mesmo na OPART e o protocolo de mecenato com a ANA. Segundo Gabriela Canavilhas, “a questão é muito óbvia para todos nós: até 2013, não há perspectivas de investimento em nenhum sector, e, portanto, a minha preocupação é prevenir a montante uma situação de desorçamentação e evitar desequilíbrios no TNSJ”.

A ministra felicitou, ainda, a produção artística do TNSJ, não só no próprio, mas também no Teatro Carlos Aberto (TECA) e no Mosteiro São Bento da Vitória. Canavilhas anunciou uma parceria com a Iberdrola, empresa espanhola que apoiará o teatro em cem mil euros para uma reabilitação da fachada do edifício, reabilitação essa “que há tanto tempo o TNSJ merece”.