Este ano, antes do arranque do Fantasporto a 25 de Fevereiro, a Cinema Novo prepara o terreno com as Noites do Rivoli. Será um “reflexo” do que a equipa “entende que o Rivoli poderia ser” enquanto “ponte” entre o Coliseu do Porto e outras salas mais pequenas, avisa, desde já, Beatriz Pacheco Pereira, presidente da entidade.

A programação é, por isso, “diversificada”, de “qualidade” e “alargada a vários públicos”, trazendo nomes que agradam aos mais jovens (por exemplo, Moonspell, a 14 de Fevereiro), mas também aos mais velhos (José Mário Branco a 18).

“Pôr o Rivoli a mexer” :

Apesar da preocupação com o lucro e com a diversificação de públicos, a Cinema Novo afasta a hipótese de este evento ser um teste para uma futura gestão do Rivoli. “Na minha opinião pessoal, [a gestão] deve ser escolhida por concurso público e utilizando as forças culturais da cidade. Não me parece que nenhum organismo sozinho possa trazer essa rentabilidade”, ressalva Pacheco Pereira, que sublinha que a própria Cinema Novo não teria capacidade para assumir uma gerência isolada. No entanto, admite o interesse: “Estamos, claro, na primeira linha dos agentes culturais da cidade para pôr o Rivoli a mexer como antigamente.”

Cabe aos Mão Morta abrir as hostes a 3 de Fevereiro, no ciclo “Rock’n Rivoli”, seguindo-se, nas noites seguintes, os Mind Da Gap e os Teratron, novo projecto dos ex-Da Weasel João Nobre e Pedro Quaresma, que se deslocam ao Porto com todos os convidados, nomeadamente Miguel Guilherme, New Max, SP e Adolfo Luxúria Canibal. Os bilhetes custam 12,5 €.

Herman José pisa o palco do Rivoli no dia 7. É o primeiro espectáculo do festival de humor que recebe também Francisco Menezes (dia 11) e Quim Roscas e Zeca Estacionâncio (a 12). Mafalda Veiga apresenta o novo álbum “Zoom” no dia 8 e Maria João regressa ao Porto com o seu “Projecto Ogre”a 10. Antes do encerramento com José Mário Branco, o fadista Camané promete uma noite de casa cheia a 16. Os preços variam entre os 15 e os 25 €.

Em paralelo, de 4 a 19 de Fevereiro, a companhia Assédio apresenta a peça “Produto” de Mark Ravenhill no pequeno auditório do Rivoli. A presença do colectivo de Rosa Quiroga e João Cardoso – “um dos melhores actores de Portugal, ressalva Beatriz Pacheco Pereira – não é um acaso. “É uma companhia do Porto com actividade regular e cuja escolha das peças é absolutamente invulgar.”

“São espectáculos que trazem algo de novo!”, diz Mário Dorminsky, também da Cinema Novo, enfatizando o facto de muitos artistas apresentarem álbuns. A organização tem a esperança que alguns dos espectáculos “esgotem rapidamente” e, por isso, manteve alguns dias livres para datas extra.

O evento, que terá custado entre 130 a 150 mil euros, é também uma forma de “colmatar o corte financeiro” nos apoios da Câmara do Porto ao Fantasporto deste ano. Algo que pode ter o efeito contrário, uma vez que a Cinema Novo precisa de uma “taxa de 60 a 70% de ocupação de sala para pagar o programa”, Mário Dorminsky. Ainda assim, e apesar de não existir qualquer tipo de apoio, “ninguém vem de graça”, mas muitos artistas foram movidos pelos laços de amizade e simpatia.