Embora o nome do festival lembre feitos de antepassados portugueses, este evento está de olhos postos no presente. O “Nau – Festival de Cinema e Fotografia Jovem” é uma iniciativa criada por jovens e para jovens. Ideia de quatro alunos e licenciados do curso de Som e Imagem da Universidade Católica Portuguesa, o certame pretende criar um espaço onde “os jovens possam apresentar as suas obras ao público”, explica Gustavo Santos, director do festival.

Os vencedores do festival

Prémio do Público – “Joãozinho” de Luís Sá

Menção honrosa do júri – “O concurso” de Ângela Antunes e Helena Duarte

Prémio Revelação Nau – “A mudança” de Francisco Lobo

Ao longo de três dias (nos dias 4, 5 e 6 deste mês), a Casa do Alto na Maia foi espaço de exibição para dez curtas-metragens a concurso, das quais foram distinguidas três categorias: prémio do público, menção honrosa do júri e o prémio revelação Nau. Este último foi atribuído à curta-metragem “A mudança”, de Francisco Lobo, que conta a história dum casal que compra casa e vai ter de aprender a viver com as manias e necessidades de cada um.

O “Nau” pretende deixar de lado a ideia de que só no passado os portugueses foram capazes de fazer algo grandioso. Por isso, o requisito fundamental para participar era a de que todas as curtas fossem em “língua ou linguagens portuguesas”. “Queremos, acima de tudo, que as pessoas comecem a valorizar tudo o que temos”, esclarece Gustavo. “O nosso mote é redescobrir a arte através da língua portuguesa, recorrendo a valores da nossa própria cultura”, remata.

José Diogo Magro, director de filmes, revela que a intenção inicial do evento era abranger o máximo de portugueses possível, ao “atingir países lusófonos”, como “Moçambique, Angola, Brasil”. Com o tempo contado, a organização acabou por “abraçar o conceito da portugalidade como conceito principal”, admite.

Três dias dedicados à cultura

O festival dirigia-se, inicialmente, ao vídeo e à fotografia, mas ficou reduzido ao âmbito cinematográfico. Ainda que tenha havido esforço em distribuição de publicidade ao festival por zonas como Porto, Lisboa e Coimbra e até tenha sido criada uma página no Facebook e um website , o director do “Nau” admite que “o estigma de primeira edição” fez com que os trabalhos fotográficos recebidos fossem “tão poucos” que não justificaram a abertura de concurso.

A par da fraca adesão dos jovens ao concurso, Manuel Mendes, director de imprensa, partilha da opinião dos colegas, quando considera que o mais complicado na organização do festival foi “conseguir os apoios e os patrocínios”.

Quem visitou o “Nau” teve a possibilidade de assistir a duas sessões de competição, a uma retrospectiva de cinema português e palestras do júri do festival. Apadrinhado pelo Fantasporto, o evento não deu, apenas, primazia ao cinema. “Tínhamos espaços de literatura, de exposição, de pintura e de música, também dedicado a jovens que não tinham mais que 22 e 23 anos”, frisa o director de produção, André Guiomar.

Durante os dias 4, 5 e 6, deste mês, concertos dos mais variados géneros passaram pelo festival. Do hip-hop ao fado e até uma simples guitarra acústica preencheram o espaço com o intuito de “promover jovens que se estão a tentar lançar”, defende o director de produção. “Tentámos trazer o máximo de pessoas diferentes para que toda a gente pudesse participar pelo menos num dia deste festival”, conclui. Foi, além disso, possível folhear e, mesmo, comprar livros de autores portugueses numa banca da Livraria Lello presente no recinto.