Foi no dia 4 de Março de 2001 que o tabuleiro da ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios, ruiu.
Isidro Lisboa é jornalista animador da Rádio Nova e natural de Entre-os-Rios. No dia em que a ponte caiu, Isidro Lisboa estava em casa, em Vila Nova de Gaia, e conta ao JPN como soube e reagiu à notícia que dava conta da tragédia naquela que é a sua terra natal.

O facto de ser natural daquela região e de ter cruzado “imensas vezes aquela ponte” fez com que a agonia, o espanto e a inquietação fossem maiores. Passar a ponte e perceber que a imagem que guardava estava irreversivelmente alterada foi algo marcante.

Perante a confusão que estava instalada, pela presença do corpo policial que inicialmente era constituído apenas pela Guarda Nacional Republicana, e pela cobertura noticiosa que começou a ser feita, um dos primeiros impulsos foi “tentar perceber se algum familiar estaria envolvido”.

Isidro Lisboa descreve o ambiente que se vivia quando chegou ao local como pesado: “Havia um silêncio, as pessoas a tentarem perceber o que se passou realmente”.

“É um daqueles momentos em que ficas sem palavras, porque é o teu universo, o teu ambiente, foi onde tu cresceste, conheces aquilo como alguém que viveu ali sempre”, diz.

Passados dez anos da tragédia que mudou a região e a população de Entre-os-Rios e Castelo de Paiva, Isidro Lisboa afirma que continua a ser desconcertante visitar o local.

Tendo em conta que, na altura, a Rádio Nova não tinha noticiários após a meia-noite e que as funções de Isidro Lisboa se prendiam “única e simplesmente com a animação”, a sua presença no local não era a de um jornalista profissional da comunicação, mas a de alguém que era natural daquela região. “Lembro-me que começaram a chegar jornalistas de tudo o que é sítio e que se montou uma verdadeira feira, um carnaval, uma coisa terrível”, refere.

Para o jornalista animador da Rádio Nova é incompreensível como a ponte permaneceu em funcionamento durante tanto tempo e que ninguém tenha sido responsabilizado por aquilo que aconteceu.

Isidro Lisboa diz que a filosofia do povo português continua a ser hoje, dez anos após a tragédia, a mesma que era na altura. “Não prevemos, não protegemos, não antevemos, não preparamos nada, as coisas acontecem e depois dizemos, não, agora é que vamos tratar disto e, passados uns meses, já nos esquecemos disso, pelo menos até ao próximo acontecimento”, termina.

Notícia actualizada às 19h50 de 9 de Março de 2011