Reforçar a democracia participativa é o objectivo do manifesto da “Geração à Rasca”, que luta pelo direito ao trabalho e à educação. Marcado para 12 de Março, este é um protesto apartidário que surgiu de forma espontânea e, por isso, nenhuma juventude partidária do Porto reivindica o manifesto.

As Juventudes Partidárias portuenses reforçam que, em democracia, os protestos são livres e que é louvável que os mais insatisfeitos se manifestem de forma espontânea.

Tiago Barbosa Ribeiro, líder da Juventude Socialista (JS) do Porto, em nota enviada ao JPN, mostra-se solidário com “a frustração de todos os jovens que se encontram numa situação de precariedade e no desemprego”. Ainda assim, o “jota” reforça a importância de “várias medidas que têm sido tomadas pelo governo no âmbito do reforço das qualificações, do ensino superior e das políticas activas de emprego”. O governo não deve ser o único responsável pelo futuro dos jovens em Portugal pois, segundo Tiago Barbosa Ribeiro, existe “uma desejável margem de liberdade individual que determina muitos percursos profissionais”.

Críticas ao governo agradam às “jotas” da oposição

Opinião contrária ao jovem socialista tem João Paulo Meireles, presidente concelhio da Juventude Social-Democrata (JSD), que considera que as medidas do governo em nada têm ajudado os jovens portugueses. A JSD Porto não vai participar oficialmente na manifestação enquanto estrutura partidária. No entanto, alguns elementos podem estar presentes. “Este protesto não é nosso, não partiu de nós e não queremos colar-nos e colher louros ou créditos desta organização”, sublinha João Paulo Meireles. Para o presidente concelhio da JSD, a manifestação poderá trazer, no futuro, algumas melhorias. Isto se tiver muita adesão: “a verdade é que tudo o que seja actor e decisor político e público com certeza não ignorará o resultado da manifestação se ela for participada, o que nos leva a crer que será”.

Para o Bloco de Esquerda (BE), sem juventude organizada, o protesto da “Geração à Rasca” é importante na luta contra a precariedade dos jovens, sendo que é um levantamento de vozes que luta pela melhoria das suas condições educacionais e laborais. “O que vai acontecer a 12 de Março é um conjunto de vozes a dizer: nós não vamos ser mais escravos. Não vamos pactuar com este sistema ridículo em que quase é preciso estudar para ser escravo”, diz Ricardo Sá Ferreira, do BE.

Diogo D’Ávila, membro da Direcção Nacional da Juventude Comunista, considera que o protesto daqueles que se querem “desenrascar”, por si só, não é suficiente para trazer mudanças significativas, apoiando a continuidade de todas as lutas. “Entendemos que o que vai acontecer a 12 de Março não vai mudar as coisas, mas sim apostar numa continuidade da luta, de forma organizada, através das várias manifestações que virão”, remata o jovem comunista.

Também a Juventude Popular (JP) do Porto acredita que a iniciativa do movimento “Geração à Rasca” não vai trazer melhorias significativas. Vera Rodrigues, presidente da Comissão Política Distrital do Porto, fala num grito de alerta: “este protesto não vai mudar nada. É, no fundo, apenas um grito de alerta, porque as empresas não vão contratar jovens de um momento para o outro”.

Além da cidade do Porto, também Lisboa, Faro, Viseu, Leiria, Ponta Delgada e Funchal vão ser palco das manifestações da “Geração à Rasca”.

Notícia actualizada às 15h33.