No Porto, a Praça da Batalha foi o ponto de encontro dos manifestantes da “Geração à Rasca”. A Polícia de Segurança Pública (PSP) e os elementos da organização do protesto mantiveram-se sempre em contacto ao longo da manifestação. Mário Moreira, comissário da PSP, mostrou-se convicto de que esta iria ser “uma concentração completamente pacífica”.

Logo no início do protesto, a organização a uma “manifestação pacífica”. Depois, o microfone ficou aberto a alguns testemunhos. “Fazia falta um encontro como este” foram as palavras dominantes do primeiro depoimento. Não faltaram também críticas ao governo.

Sentado num dos bancos no local, Manuel Santos decidiu não participar na manifestação. Critica a classe política e considera que faz falta ao país um homem como Salazar. Apesar de não tirar legitimidade ao protesto, considera que noutros tempos “se passava muito pior” do que agora.

No meio da multidão, milhares de jovens mostram-se dispostos a lutar por um futuro melhor. Rui Diamantino considera necessária uma libertação da “opressão em que vivemos” e que “a luta se faz na rua”. O cartaz que segura resume a mensagem que quer passar. Raquel Gomes pensa que, “mais do que um direito à liberdade de expressão”, estar na manifestação “é um dever”. “Todo o sistema está mal”, André Moreira, presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Paredes.

Esta geração abrange todas as idades

Mas não foram só os jovens que se associaram ao protesto. Renata Dinis tem 47 anos e afirma ter sido considerada parte de uma “geração rasca pós 25 de Abril”, geração essa que está agora também “à rasca”. Quem também refere o 25 de Abril é Marta Oliveira, de 37 anos. Está desempregada, tal como o marido. Com três filhos, critica a inexistência de apoios à natalidade e afirma que o “único dinheiro que entra em casa” é o do abono de família. Marta Oliveira defende que é necessário que toda a gente saia à rua, embora considere que “nada vai mudar”.

Já José Real pretende defender a liberdade e estar “solidário”. Entre os manifestantes também há quem se a dizer o nome, com medo de represálias. Prefere transmitir o descontentamento de outra forma.

Também as caras conhecidas se associaram a esta manifestação. É o caso de Fernando Fernandes, mais conhecido por FF. O jovem actor afirma que as razões que o levaram à rua são as da “maior parte das pessoas”.

Já na Avenida dos Aliados, João Moreira, porta-voz da comissão organizadora da manifestação no Porto, falou com o JPN. “Não estiveram só jovens, estiveram os pais, estiveram os avós, estiveram muitas pessoas a dizer que não querem isto e isso é a grande vitória do dia”. O jovem mostrou-se surpreendido com a adesão. “Enchemos a Avenida dos Aliados e isso vai para lá de todas as nossas expectativas”, confessa.