O conceito surgiu na Califórnia, em 2007, e rapidamente se expandiu pela Europa. Chegou ao Porto em Dezembro de 2010 pelas mãos da Júnior Empresa da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (JuniFEUP) e do Centro de Empreendedorismo da Universidade do Porto (CEdUP). A ideia é desenvolver um projecto de negócio com apoio de profissionais e em parceria com a UP.

Para João Oliveira, estudante de Engenharia Industrial e Gestão na FEUP e antigo membro do CEdUP, uma “startup” pode ser definida como “uma empresa com uma base ou raiz tecnológica”, embora o termo se tenha alastrado a qualquer empresa em fase de arranque. Esta definição é completada por Tiago Dias, também estudante da FEUP: “as ‘startups’, por estarem ligadas a essa base tecnológica, têm uma relação estreita com as universidades”, explica.

É uma prática recente em Portugal, mas já habitual noutros países. Vinda dos EUA, a “iniciativa STARTup Live” vingou na Áustria. Antigamente apelidado de Startup Weekend, o evento tem como objectivo estimular ideias criativas e com potencial para se tornarem num negócio.

Um fim-de-semana diferente

Grupos de pessoas das mais diversas áreas, desde a tecnologia ao marketing, juntam-se durante um fim-de-semana para trabalhar sobre uma ideia de negócio. O evento funciona como uma rampa de lançamento. “Temos os promotores da ideia e, ao longo do fim-de-semana, várias pessoas vão-se juntando, proporcionando uma espécie de namoro”, elucida João Oliveira.

A estrutura do STARTup Live completa-se com a presença de “mentores“, pessoas experientes das mais diversas áreas, desde professores universitários a especialistas em investimentos e créditos. Tiago Dias, igualmente representante da JuniFEUP, orgulha-se de poder contar com pessoas com mais experiência: “o feedback dado pelos mentores é muito importante. Têm quase como umas horas de consultoria gratuitas”.

O êxito deste evento ainda não é visível em Portugal. João explica que não se consegue medir a taxa de sucesso no espaço de três meses: “empresas de cariz mais tecnológico vêm ao Startup lançar a ideia, mas a fase de desenvolvimento do produto é bastante longa, por isso é difícil ter resultados imediatos”.

Pelo contrário, na Áustria, onde o evento vai na sua quarta edição, já há resultados palpáveis: a equipa vencedora do evento de Abril de 2010 lançou na semana passada o seu primeiro produto. Tiago Dias menciona ainda o vencedor da primeira edição, que voltou no ano passado para expandir o negócio.

A importância da UPTEC e a ajuda da crise económica

A Áustria é o exemplo a seguir. Para tal, os jovens empresários podem contar com o apoio de instituições como a UPTEC (Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto) para o desenvolvimento e a evolução de iniciativas. “Temos apresentado vários projectos para a incubadora da UPTEC, ideias que daqui a seis ou sete meses podem já ter alguma coisa palpável”, comenta João Oliveira. Tiago Dias acrescenta que estas instituições ganham ainda mais importância porque “a maior parte das empresas tecnológicas nascem a partir de universidades e pólos de investigação”.

O apoio da UP tem sido fundamental para eventos como o Startup Live. “Neste momento a Universidade está com uma abertura e uma visão muito boa para este tipo de iniciativas. A UPTEC, inclusive, lançou um pólo de indústrias criativas, onde já estão a nascer projectos interessantes”. Ambos defendem o alargamento do empreendedorismo, não apenas à FEUP ou à FEP (Faculdade de Economia do Porto), mas a outras instituições.

Ao contrário do que se podia esperar, o contexto actual de crise económica pode “criar oportunidades interessantes”, com apoios tanto da UP como do próprio governo. “O que nós precisamos, neste contexto de crise, é precisamente disto, de empresas ágeis que tenham uma capacidade de resposta rápida, sem a burocracia de outras empresas”, remata João Oliveira.