Pedro Passos Coelho esteve, esta quinta-feira, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), para debater a situação actual da economia portuguesa. Perante uma assistência de estudantes e catedráticos, o líder do PSD falou na necessidade da “racionalização do sector empresarial do Estado” uma vez que, refere, “a sociedade portuguesa, hoje, não tem meios e não é geradora de riqueza suficiente para o sustentar”. Para Passos Coelho, “já não há impostos, contribuintes, nem empreendedores que consigam suportar a actual dimensão e a actual factura do sector público na área empresarial”.

Numa altura “difícil” para os jovens licenciados, o líder do maior partido da oposição desafia a geração “a impulsionar as grandes mudanças de que o país necessita”. Isto porque, alerta, “não é o Estado que cria riqueza, nem é o Estado que dá emprego. Apenas cria as condições para que a Economia possa funcionar e para que o emprego possa ser criado”.

Por isso, prosseguiu, “quem pensar que é o Estado que vai criar emprego e negócios, com essa perspectiva só irá conseguir um caminho oposto aquele que proporcionará aos jovens portugueses regressar mais cedo ao mercado de emprego”.

Portugal precisa “de pôr as contas em ordem”

Dois anos depois da última visita à FEP, o social-democrata continua muito crítico em relação ao Governo, questionando a “credibilidade” e a “confiança” do executivo.

Assim, Passos Coelho acusa o governo de ter “ocultado a informação correcta aos mercados, aos portugueses e aos parceiros europeus”. O líder do PSD mantém-se intransigente em negociar com o governo: “por que é que o governo vem dizer que quer negociar, depois de ter apresentado em Bruxelas as medidas e de ter negociado com o BCE e com a Comissão esse pacote de medidas?”.

Pedro Passos Coelho acredita que “é possível inflectir a situação em que estamos” mas Portugal precisa de “pôr as contas em ordem” e isso, adianta, “exige medidas rápidas que saiam do papel”. Em primeiro lugar “é necessário colocar a despesa pública em ordem, através da racionalização de todo o sector público empresarial, bem como de todas as fundações e instituições públicas que têm despesa inútil ou dispensável”. Em segundo lugar, “as reformas estruturantes devem estar do lado da Economia, como limitar as importações e apoiar as exportações”, salienta.

Além disso, o líder do PSD alerta para o facto de, “nos próximos anos, haver a necessidade de maior cuidado com a coesão social” porque, continua, “o país não terá futuro mobilizador para os jovens se não conseguir ser solidário com aqueles que são mais desprotegidos e que já não têm possibilidade de se defenderem”. Neste capítulo, Passos Coelho reforça que Portugal tem, actualmente, “famílias muito frágeis, às vezes com pessoas portadoras de deficiência no seu seio que, se não fossem as instituições de solidariedade social, estavam no esquecimento dos poderes públicos”.