A manifestação do Dia do Estudante pretendia levar “mais de mil alunos” a Lisboa. O número foi avançado pelo próprio presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Luís Rebelo, no dia anterior à manifestação. Apesar de a FAP ter disponibilizado alimentação e transporte gratuitos, a adesão não foi o que se esperava. “A manifestação ficou abaixo das expectativas. Penso que terá a ver com a queda do governo” admitiu Luís Rebelo.

Apesar de ser o Dia do Estudante, a maioria das críticas dirigiam-se à Acção Social. O corte nas bolsas de questão era a questão que mais preocupava os manifestantes. Com palavras de ordem como “Bolonha Não!” e “Bolsas sim, Propinas não” os estudantes fizeram-se ouvir em frente à Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES).

A intenção da Federação Académica do Porto era fazer com que todos os alunos assinassem o livro de reclamações da DGES. Para isso fez-se uma fila de alunos, que tiraram senha para poderem participar. O objectivo não foi inteiramente conseguido, por falta de tempo ou por desmobilização antecipada dos estudantes, pelo que alguns estudantes não puderam assinar o livro de reclamações.

Manifestantes por necessidade e por solidariedade

Nem todos os alunos que participaram na manifestação o fizeram por serem bolseiros. O aluno da Faculdade de Letras na Universidade do Porto Adrian Peréz diz “sentir necessidade em juntar-se à causa de muitos alunos que perderam a bolsa”. O estudante não-bolseiro admite, um dia, poder vir a precisar de uma bolsa e não conseguir.

Tal já não é o caso de Sílvia Marques. A aluna do 2º ano da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), diz que a sua bolsa foi reduzida para o valor mínimo. Além disto, lamenta o facto de lhe terem deixado de pagar o transporte, até porque deixou de viver no Porto por não poder suportar os gastos. A aluna queixa-se de que o dinheiro apenas chega para pagar as propinas. A estudante de Psicologia garante que este corte a afectou nos estudos, por perder demasiado tempo em transportes entre o Porto e Guimarães.