No fim da conferência “Novos Paradigmas”, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Elisa Ferreira explicou que Bruxelas está a atravessar “uma fase em que a sobrevivência da moeda única” passa pelos países mais frágeis da zona euro. Um desses países é Portugal: “a nossa margem de autonomia e a nossa capacidade de decidirmos o nosso futuro esmagou-se” devido à crise política despoletada pela demissão do governo, explica a eurodeputada.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) pode não ser a solução perfeita, até porque nos casos da Grécia e da Irlanda, “a receita que vem associada a esse auxílio tem sido muitíssima recessiva”. O fundo não dá garantias de recuperação e “a probabilidade de reembolsar “aos credores torna-se menor, elucida Elisa Ferreira. A eurodeputada socialista acrescenta ainda que a taxa de juros é muito elevada, embora este mecanismo esteja em vias de ser aperfeiçoado.

Guerra de partidos

Para Elisa Ferreira, a luta partidária “muito pouco relevante, comparada com a situação que o país está a viver”. A prioridade é relançar a economia portuguesa e o país em geral e, se a ajuda externa for necessária, tem de contribuir para a recuperação económica e não para gerir a falência da nação, realça a eurodeputada.

“Espanha virá a seguir”, avisa. O que se pretende para combater este “problema de solidez da zona euro” é a criação de um fundo na Europa que não esteja associado à falência de países, mas que seja visto como um “fundo de entreajuda que se possa utilizar entre os países-membros”.

Elisa Ferreira foi a convidada para o debate “Novos Paradigmas” na FEUP, juntamente com António Nogueira Leite (professor da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa), Manuel Carvalho (director-adjunto do Público) e Diogo Gonçalves (estudante da FEUP). O evento realizou-se na última sexta-feira, 25 de Março, e em cima da mesa estavam os temas “a ascensão dos BRIC” e “o futuro da UE”.