Nos últimos anos tem sido descoberto o negócio dos doces feitos de forma criativa e saborosa, que prendem a atenção até dos menos gulosos. Parta à descoberta dos locais onde se encontram doces originais na cidade do Porto.

Mais do que um simples queque

Faça chuva ou faça sol, numa visita à praia de Matosinhos, desde Dezembro que a Cupcake Story, na Rua Dr. Manuel Rodrigues de Sousa, é paragem obrigatória. Influenciadas pelo sucesso internacional do mercado, Andrea Torrão e duas sócias decidiram abrir um espaço dedicado aos cupcakes únicos na decoração. Os bolos são feitos por uma pasteleira, mas a peculiar decoração dos cupcakes é resultado do trabalho das três sócias. A inspiração surge de qualquer lado.

Por ser um novo conceito, Andrea diz que pode levar as pessoas a ter uma ideia errada, mas “o primeiro impacto é comer com os olhos”. Por isso, “a aparência dos bolos conta muito”, garante. Os doces agradam a todos, com homens e mulheres a comprá-los, quer na loja, quer por encomenda, e o doce de eleição é o cupcake de pão-de-ló com doce de leite. Os preços da Cupcake Story variam entre 1,20 e 2,50 euros, mas também apostam “num bolo muito bom para compensar o preço”, explica a sócia.

Continuando o passeio pelo mar, dê um salto até à Foz. A Cupies Gourmet, na Travessa da Senhora da Luz, abriu em Novembro de 2010 e oferece uma variedade de cupcakes e chocolates. É um projecto de dois casais e Afonso Santos diz que gastaram “o mínimo possível para abrir a loja”. Novamente, o gosto internacional por estes doces foi motivador, começando a existir “um mercado novo no Porto, os cupcakes“. Mas este foi só o ponto de partida. “Começámos a expandir e a não vivermos só do negócio do cupcake”, afirma Afonso. “Pensámos no conceito da doçaria gourmet, que não havia em lado nenhum na altura”.

Os doces não são produzidos na loja, mas as receitas dos produtos que não estão embalados pertencem-lhes. “Os cupcakes são decorados aqui”, garante Afonso. Mas isto não é o principal, pois o maior desejo destes jovens empreendedores é que “as pessoas percebam que é caseiro”, explica. O sabor conquistou todos, com “encomendas de clientes habituais, desde crianças até pessoas de idade”. A opinião do público conta e a Cupies Gourmet faz concursos, até no Facebook, onde as pessoas opiniam sobre os doces. Entre 1,75 e 2,25 euros é quanto terá de dar para provar um dos doces da casa.

Um sonho de Chocolate

Subindo a Rua dos Clérigos e passando o Centro Português de Fotografia encontra-se, numa típica calçada portuense, a Chocolate ao Quadrado. “Cansados” dos chocolates do supermercado, os mais fascinados procuram aqui outro tipo de chocolate. Com o objectivo de desfazer a nuvem de “desconhecimento sobre chocolate”, de “uma forma original”, Irene Bandeira abriu a Chocolate ao Quadrado, na Rua Dr. Barbosa de Castro.

Com as portas abertas desde Novembro de 2009, a Chocolate ao Quadrado proporciona aos mais gulosos variados tipos de chocolate: de portugueses a estrangeiros, passando pelo chocolate branco e negro, a variedade é muita. No entanto, nada é produzido na loja. Em relação aos clientes, Irene Bandeira refere que a diversidade do público é elevada. Quanto a preços, “obviamente que são preços diferentes dos de hipermercado, mas não temos produtos excessivamente caros”, explica a responsável. O cliente “mais lambareiro” pode encontrar desde pequenas caixas de chocolate a 1,50 euros até caixas maiores a 14,50 euros.

Não é a fábrica do Charlie, mas é a Chocolataria Equador. Ao fundo da Rua Sá da Bandeira, sente-se o cheiro no ar: é chocolate. Desde Junho de 2009 que, a quem passa, a Chocolataria Equador proporciona o bombom, as trufas de chocolate, semi-frios e macarons, mas o que mais se vende é a tablete de chocolate.

Com uma imagem dos anos 40 e 50, a Equador surgiu “de forma acidental”, refere Celestino Fonseca, responsável da loja, colocando a tónica na criatividade. Aqui, “o chocolate não é uma coisa muito real, chocolate é qualquer coisa que anda entre o sonho e a realidade”, diz Celestino Fonseca. Actualmente, a chocolataria tem fabricantes em vários pontos do país. “Nós trabalhamos com especialistas em chocolate”, esclarece. E as mulheres são quem mais procura os chocolates Equador. Mas os jovens também gostam de adoçar a boca.

Feito com doçura

Descendo até à Rua de Ceuta, encontramos uma loja que pode passsar despercebida ao primeiro olhar. Virgínia Gonçalves, juntamente com uma sócia, criou a Virgínia, loja de doces. O projecto surgiu do desejo de mudança. “Sempre gostei de cozinha e encontrei aí a possibilidade de criar uma oficina”, diz. Desde bolos grandes até pequenos macarons, as ideias para criar cada doce surgem de uma pesquisa e do contacto com os clientes, explica Virgínia.

Os preços dos doces da loja Virgínia, feitos por Virgínia, podem variar entre os 18 e os 300 euros mas, “dependendo do tamanho do bolo e do trabalho”, o preço pode ser maior, refere. E muitas vezes é preciso equilibrar a vontade do cliente com o dom para a cozinha. “Eu posso fazer uma coisa que goste menos, mas tenho que entender o gosto do cliente para conseguir pôr-me no lugar dele”, explica. A vontade de saciar a gula com os doces da Virgínia só pode ser satisfeita por encomenda, dado que a responsável gosta de “vender as coisas frescas”. Virgínia revela ter “poucas coisas na loja”. “Pontualmente também temos bolo à fatia e, em breve, vamos ter café”, garante.

Não é fácil iniciar um projecto. Para se aventurar na indústria dos doces, é preciso uma dose de ingredientes essenciais. Andrea Torrão, da Cupcake Story, fala em “trabalho e dedicação”, para evitar a rotina. “Fazer a decoração dos bolos diariamente é para quem gosta”, brinca. A criação da Cupies Gourmet exigiu “coragem”, refere Afonso Santos. “Em Portugal, há um café em cada esquina e todos vendem quase o mesmo”. E, como refere Irene Bandeira, da Chocolate ao Quadrado, também não pode faltar o conhecimento do “mercado e dos produtos”, assim como “ver o que é de qualidade e original”, acrescenta. Mas o negócio, tal como diz Celestino Fonseca, da Equador, é “uma procura obsessiva de sonho, felicidade”.