O arquitecto português Eduardo Souto de Moura vê o seu trabalho reconhecido pelo maior prémio de arquitectura, 19 anos depois de Siza Vieira ter sido agraciado com o mesmo galardão.

A notícia foi sendo avançada durante toda a tarde de ontem, segunda-feira, mas apenas confirmada ao final do dia. No comunicado do júri do Prémio Pritzker, o trabalho de Souto de Moura é visto como actual mas possuindo ecos da arquitectura tradicional. “Ele é capaz de desenhar desde a escala doméstica à urbana. Souto de Moura é um arquitecto fascinado pela beleza e autenticidade dos materiais”, afirma o júri do prémio. “Souto Moura tem a confiança para usar pedra com mil anos de idade ou de ter inspiração num detalhe moderno”.

O arquitecto portuense de 58 anos é o segundo português a receber o galardão. Souto de Moura sucede a arquitectos como Oscar Niemeyer, Frank Gehry, Norman Foster e Zaha Hadid, que também foram premiados pelo Pritzker.

Souto de Moura receberá o prémio no mês de Junho, em Washington. O júri do prémio compara o trabalho do portuense à poesia: “A arquitectura de Souto Moura não é obvia, frívola ou pitoresca. O seu trabalho requer um encontro intenso e não um olhar rápido. É como poesia, é capaz de comunicar emocionalmente para aqueles que tenham tempo para ouvir”, destacam os jurados.

O Porto de Souto de Moura

A cidade do Porto conta com várias obras de Souto de Moura. O arquitecto portuense desenhou todo o projecto do Metro do Porto, destacando-se as estações da Trindade e da Casa da Música. Na Invicta realçam-se outras construções, como a reabilitação da Casa das Artes, na Rua António Cardoso, a escultura da Ponte das Barcas, a casa do Cinema de Manoel de Oliveira e o edifício de escritórios e galeria comercial Burgo, na Avenida da Boavista. Também o projecto da Marginal de Matosinhos Sul é de sua autoria.

Entre as obras mais conhecidas, em Portugal, destacam-se, ainda, o Estádio Municipal de Braga e o Mercado da Cidade, a Casa das Histórias, em Cascais, o Centro de Arte Contemporânea de Bragança e o Hotel do Bom Sucesso, em Óbidos. É também o responsável pela a Casa de Llabia, em Espanha, e pelo Pavilhão de Portugal na 11.ª Bienal de Arquitectura de Veneza.

Em 1992 e 2004 Souto de Moura recebeu, também, o Prémio Secil de Arquitectura e foram vários os reconhecimentos do seu trabalho durante todo o percurso profissional. O Prémio Pessoa, o Prémio Internacional da Pedra na Arquitectura, o Prémio Internacional de Arquitectura de Chicago e a Medalha de Ouro Heinrich Tessenow são algumas das distinções coleccionadas por Souto de Moura.