Em comunicado, a AMI revelou que 2010 foi “o pior ano em termos de pobreza em Portugal”. Mais de 12 300 pessoas pediram ajuda nos nove centros da instituição. Fernando Almeida, presidente da Associação Nacional de Combate à Pobreza (ANCAP), diz que estes números acontecem pela “falta de emprego, o corte de inúmeros subsídios, os gastos públicos – que são enormes – e a falta de apoio do próprio governo às instituições de solidariedade social”.

A pobreza aumentou 24% em relação a 2009. No entanto, para o presidente da ANCAP, estes valores ainda podiam ser superiores. Fernando Almeida refere-se à “pobreza envergonhada”, que diz respeito às pessoas com vergonha de pedir ajuda. No entanto, acrescenta, nunca existiu “um número tão elevado de famílias a recorrer ao apoio em alimentos e à cantina social” como agora.

Segundo o comunicado, é em Lisboa e no Porto que se sente mais a pobreza. Das pessoas que a AMI ajuda, 45% vivem na Grande Lisboa e 40% no Grande Porto. Para o presidente da ANCAP, este facto pode estar relacionado com a existência de mais centros nestas zonas do que no resto do país mas, também, porque “muitas famílias que, por uma questão de orgulho, não vão solicitar apoio às instituições, principalmente alimentar”.

Fernando Almeida diz que também para as instituições como a ANCAP está difícil ajudar por causa de problemas financeiros, dado não terem apoios governamentais. O presidente da associação mostra-se céptico quanto à “possibilidade do governo fazer alguma coisa pelas pessoas que estão com necessidades financeiras e alimentares”.

A instituição “vive ou sobrevive com doações de empresas e particulares”. Apesar disso, a ANCAP fornece um cabaz mensal a 80 famílias na zona do Grande Porto. O presidente, Fernando Almeida, afirma que a instituição vai continuar a fazer tudo o que estiver ao “seu alcance para ajudar”.

O comunicado da AMI alerta, também, para o crescente número de sem-abrigo que “não param de aumentar em Portugal”. As mulheres desempregadas entre os 16 e os 65 anos também preocupam a AMI, porque são as mais atingidas pela pobreza.