Os visitantes do Anigamix que se deslocaram desde quinta-feira a domingo à Exponor, em Matosinhos, poderiam muito bem estranhar o cenário que os esperava à entrada do evento: vozes a anunciar corridas e carros telecomandados de um lado para o outro, numa feira de BD e outras artes? Mas não havia motivo para admiração. O Clube de Radiomodelismo do Porto (CRP) era um dos expositores presentes, com demonstrações e corridas abertas a quem quisesse participar.

Porém, um som mais familiar começava a ouvir-se logo que se entrava no espaço reservado aos conteúdos do evento. Tratava-se da música nipónica proveniente do expositor da Anipop, Associação Juvenil de Animação e Cultura Japonesa (AJACJ), que disponibilizava um tapete de dança interactiva. Mas, na divisão seguinte, voltava-se a assistir a um contraste entre os “conteúdos Anigamix” e outras actividades, como o “Fingerboard”, prática de skate com os dedos em tábuas pequenas.

Deixadas para trás as pranchas, chegava-se a um território familiar ao evento: a banda-desenhada. As exposições de BD e a liberdade dada aos visitantes para deixarem a sua marca, enchiam o espaço de inspirações da nona arte. Contudo, o Anigamix não se esgotava aí, já que os videojogos também ocupavam um lugar importante na Exponor. A Seed Studios, empresa produtora de Under Siege, o primeiro jogo português para a PlayStation 3, teve um expositor e deixou os visitantes pegarem no comando para experimentarem a jogabilidade.

Do outro lado da “barricada”, estava a PressPlay Porto, loja de coleccionismo de videojogos e um dos organizadores do evento. A variedade de jogos espalhados pelas suas mesas chamava as pessoas a partilharem lembranças antigas. No seu expositor também apresentava algumas “tentações”, como artigos e videojogos de “Final Fantasy” e de “The Legend of Zelda“. Uma das pessoas seduzidas pelas consolas da loja foi Pedro Limbado, que estava angustiado por “não ter dinheiro para comprar a GameCube ou a NES”. O jovem também revelou ter passado por algo parecido quando conheceu a PressPlay.

A par dos fãs de videojogos que andavam pela Exponor, caminhavam vários adeptos do anime (séries ou filmes de animação japonesa), identificáveis por pararem na sala de cinema improvisada ou pelas fantasias de personagens saídas da animação que traziam vestidas. O chamado cosplay era uma constante por todo o lado, desde raparigas com perucas coloridas, a outras com uniformes mais irreverentes.

Silvério Ramos veio de Aveiro e era um dos vários cosplayers no Anigamix. “Venho vestido de Alexander Anderson, da série ‘Hellsing’. É um padre que leva tudo a rigor e consegue falar com os mortos”, afirma Silvério. O jovem aveirense contou, também, que o seu uniforme teve um fabrico “caseiro”. Sónia Roque, outra cosplayer, vinha vestida dos pés à cabeça de Yahiko Myoujin, personagem da série “Samurai X”. “Demorou cerca de um mês a fazer este fato. O cabelo é uma peruca estilizada”, conta Sónia. A jovem falou, ainda, de forma animada do papel da sua personagem na série que já passou em Portugal.

A visão de um dos organizadores

Hugo Jesus, proprietário da loja “O Lobo Mau”, foi, a par da PressPlay, um dos principais organizadores do Anigamix. “Foi com muito orgulho que conseguimos um evento na Exponor, porque acho que era um sítio propício para uma coisa deste género”, diz Hugo, ao JPN. O organizador contou, ainda, que, para que tudo estivesse pronto a tempo, foi preciso trabalhar a um ritmo elevado.

Também presente no Anigamix com um expositor, “O Lobo Mau” mostrou alguns dos seus artigos, como peluches de séries norte-americanas e orientais ou pequenas figuras de desenhos-animados nipónicos com grande sucesso em Portugal, caso do Dragon Ball. “Temos um pouco de tudo: a parte da cultura japonesa, com os mangás (BD japonesa) e o merchandising, mas também temos os artigos norte-americanos, também com merchandising e BD. Temos, ainda, BD europeia e portuguesa”, conclui Hugo Jesus.