Na tarde de ontem, segunda-feira, Rui Novais, professor universitário e membro do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho, apresentou, na livraria Leya, a sua mais recente publicação. “A Representação do Futebol na Imprensa” tem como principal enfoque o Mundial de Futebol de 2010, descentralizando a análise do mesmo, tanto para a fase de apuramento como do sorteio da fase final.

O autor do livro, destaca que a obra, de conteúdo teórico e empírico original, pretende “preencher o vazio científico existente na literatura portuguesa no que concerne ao tratamento da imprensa desportiva”, assim como “propôr um estudo que fosse de encontro às expectativas e aos interesses que a comunidade científica de estudantes tem”.

A obra marca o início da série “Media, Política e Sociedade”, que pretende comprovar, com fundamento científico, a existência do “estrabismo jornalístico” observado na imprensa desportiva portuguesa, onde os jornalistas assumem o papel de observadores neutros e críticos, que varia em função das situações de exaltação – em casos de sucesso – e das situações de reprimenda estratégica – no caso das derrotas e insucessos de uma determinada equipa.

Rui Novais, destaca que “o panorama mediático desportivo em Portugal é paradoxal” e muito virado para a ideia do “go native” ao “tornar-se demasiado próximo do assunto que trata”, ao ponto de “promovê-lo sem objectividade” e, por outro lado, “ser demasiado extremado ao oscilar entre os grandes sucessos e derrotas, que são tratados de uma forma muito exagerada”.

No que diz respeito ao impacto que o comentário e a opinião têm na produção de informação desportiva, confirma-se, na obra, um alto grau de homogeneização do conteúdo, que descuida os assuntos de maior interesse público. “O foco noticioso desloca para a dimensão do comentário e, como tal, já há muito pouco do acontecimento desportivo”, revela Rui Novais. “Aquilo que era o jornalismo rigoroso, de hard news, tem sido um pouco sonegado e preterido”, refere.

Apesar do “hábito criado na imprensa desportiva” de “dizer tudo sem grandes limitações e sem grandes constrangimentos”, Rui Novais acredita que, neste tipo de imprensa, “tem que haver” uma aproximação aos cânones “daquilo que é o jornalismo tradicional”.

A sessão de lançamento contou com a presença do jornalista da RTP, Carlos Daniel e de Paulo Faustino, professor da Media XXI.