Pedro Passos Coelho foi o principal convidado do quinto aniversário do Clube dos Pensadores, celebrado esta segunda-feira em Vila Nova de Gaia. Perante uma sala lotada, o líder do PSD começou por apontar o “cansaço e esgotamento das pessoas” relativamente à situação actual do país que, para o líder do PSD, foi “longe demais”.

No entanto, a convicção de Passos Coelho é que a situação “pode ser invertida”. Caso contrário, entende que “não estaria em condições de fazer campanha” e de se “candidatar a chefe do Governo”. Para o líder dos sociais-democratas, o primeiro passo da resolução é “aceitar a realidade e deixar de adiar o problema”. Mesmo assim, diz que “a ideia de que os políticos e os governos mudam os países por decreto e por lei é absurda”, daí que seja importante a “mobilização das pessoas”.

Durante o debate, Passos Coelho não poupou críticas ao Governo, afirmando que há “desequilíbrios que são muito pesados” e que são responsabilidade do executivo do PS. Apesar disso, afirma que nem tudo foi mau e que o Governo “não tinha condições de chegar onde chegou” se não fosse o apoio do PSD.

Passos Coelho pensa que é um “certo abuso considerar que não há alternativa”. Acredita que a principal característica que o distingue de José Sócrates é a “transparência”. A seu favor, tem, garante, aquilo que fez no passado e o facto de ter uma “visão aberta sobre a política”. Nunca ter estado no Governo é, para o líder do PSD, uma “vantagem”, pelo que apela aos portugueses para lhe darem “o benefício da dúvida”.

Passos Coelho diz que vai apostar num crescimento de 3 a 3,5% da economia nos “próximos dois a três anos”. O candidato a primeiro-ministro relativiza a entrada do FMI, dizendo que “um país que não cumpra os seus pagamentos é muito pior” do que um país que pede ajuda externa. O líder social-democrata falou, também, da questão do IVA, afirmando que prefere aumentar os impostos a cortar nas pensões e reformas mais baixas. Pedro Passos Coelho assume-se mais “interessado nos resultados a obter do que propriamente nas formas utilizadas”.

Para já, compromete-se a apresentar um Governo com “dimensão historicamente pequena” e fala em “regras rígidas”para as equipas ministeriais. Afirma, também, que é “preciso racionalizar todo o sector público” e “cumprir o programa de austeridade que está traçado”, evitando, desta forma, a ruptura. O líder do PSD está convicto de que não foi porque o PEC IV não foi aprovado que a “situação está como está”.

Clube dos Pensadores faz cinco anos

O debate com Pedro Passos Coelho marcou o quinto aniversário do Clube dos Pensadores. Joaquim Jorge, fundador do clube, pensa que o objectivo de colocar as pessoas a reflectir foi cumprido.

Dos cinco anos, Joaquim Jorge realça a “emoção” e o “calor humano dos debates”. Além disso, sente a “necessidade que as pessoas têm de intervir e expressar os seus pontos de vista”, tendo a “possibilidade de questionar os entrevistados”, o que não aconteceria de outra forma.

Para a semana, Rui Rio vai estar no Clube dos Pensadores e, mais para a frente, Bagão Félix.
Joaquim Jorge aguarda, ainda, a disponibilidade de Alberto João Jardim para apresentar o seu segundo livro, “Blogue Clube dos Pensadores”.