A dupla de Diogo Aguiar e Teresa Otto recebeu, este ano, o galardão de “Edifício do Ano” com um bar de queima que, à primeira vista, não estaria ao mesmo nível de grandes hotéis e edifícios.

Apesar de ter sido projectado e construído em 2008 pelos dois jovens arquitectos, foi apenas em 2010 que os arquitectos receberam o grande reconhecimento internacional pelo bar da associação de estudantes da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.

“Em 2010, alguns blogues, revistas e livros começaram a divulgar o nosso projecto do bar temporário da Associação de Estudantes da FAUP. Nós próprios ficamos espantados com a reacção das pessoas. A partir daí surgiram nomeações para alguns prémios. O prémio da Arch Daily foi o mais mediático e o que vimos com bastante surpresa porque o nosso bar ficou lado a lado com grandes edifícios, hotéis super luxuosos”, explica Diogo Aguiar.

O jovem arquitecto responsável pelo bar de plástico da Queima das Fitas de 2008 explica que a ideia alia os conceitos de pré-fabricação e auto-construção juntamente com a formação do cubo mágico. Associando esses conceitos à necessidade de criar um modelo económico e de fácil montagem, os jovens arquitectos viram nas caixas da plástico um boa opção para a estrutura do bar.

“Procuramos caixas em vários sítios, como lojas de chineses e em lojas ‘dos trezentos’, mas foi no Ikea que encontrámos a caixa mais adequada”, explica Diogo. Com um bom desenho e pela diversidade de profundidades das caixas de arrumação plásticas, os dois jovens conseguiram tirar partido da textura ao nível da fachada.

O bar da Queima é visto pelos seus criadores como “um olhar para além da caixa de arrumação”. Trata-se de uma arquitectura actual, pró-activa e rápida em solucionar problemas da sociedade, como baixos orçamentos. 420 foi o número de caixas que os jovens arquitectos utilizaram para o bar “reconhecido como objecto arquitectónico”, afirmam, na Queima das Fitas de 2008.