A crise económica tem afectado jovens em vários pontos da Europa. Este ano, várias manifestações eclodiram em países europeus como Portugal, Grécia, Inglaterra e Islândia. Esta quinta-feira é a vez dos estudantes e recém-licenciados espanhóis, que soltam as suas vozes nas ruas de Madrid, Barcelona e outras cidades espanholas.

Os hinos de revolta e contestação parecem semelhantes, mas as causas diferem de país para país. Pelas 19h00 desta quinta-feira, a Plaza Antón Martín de Madrid vai receber a intitulada “Juventud sin Futuro” que pretende combater a precariedade, desemprego e as privatizações.

Seguindo os passos dos seus homólogos europeus, as redes sociais são o motor de publicidade e propagação dos ideais da juventude indignada, também conhecida como a “Geração Nini” (“ni estudia ni trabaja” – “nem estuda nem trabalha”). O movimento contava, no dia anterior à manifestação, com cerca de 3 500 assinaturas, destacando-se as assinaturas de estudantes e de vários professores universitários.

A “Geração Nini” enfrenta-se com uma taxa de desemprego juvenil de 40%, a mais elevada da União Europeia. Miguel Lourenço Pereira é português e vive em Madrid. O jovem conhece as duas realidades e, apesar da aproximação feita pelos órgãos de comunicação social internacionais ao caso da portuguesa “Geração à Rasca”, este considera-as bastante distintas.

Miguel Pereira explica que o movimento “Juventud sin Futuro” tem a sua origem numa “desilusão dos jovens”. “Difere sobretudo no sentido em que a situação de crise económica e social portuguesa já se verifica há vários anos e o descontentamento espanhol é muito actual. Há três anos, o nível de vida em Espanha era muito alto e, com a crise económica, os estudantes perderam poder de compra”, explica o jovem português a viver em Madrid.

O jornal “El País” afirma que a “Juventud sin Futuro” imita os seus vizinhos portugueses, referindo também outros países como Inglaterra. No diário espanhol pode ler-se que “o colectivo ‘Juventude sin Futuro’ segue os passos dos seus homólogos europeus e manifesta-se contra aquilo que, consideram, está a acabar com as suas expectativas de futuro”.

“Juventud sin Futuro” não encherá as ruas espanholas com manifestantes

Em Portugal, a manifestação do movimento “Geração à Rasca” levou para a rua milhares de cidadãos de todas as idades. Em Espanha, o cenário promete ser diferente. A um dia da manifestação em Espanha, o Facebook da “Juventud sin Futuro” contava, apenas, com 3 600 seguidores. Miguel Lourenço Pereira explica a baixa adesão à manifestação, referindo que “é muito comum organizar manifestações em Espanha e, o facto de ser uma manifestação em horário laboral, trará apenas à rua os verdadeiros visados, não os seus pais, como aconteceu em Portugal”.

O “El País” refere, ainda, que a adesão dos jovens licenciados nas redes sociais é “modesta, comparando com as 56 mil pessoas que prometeram juntar-se ao movimento português”. A divergência entre as manifestações dos dois países ibéricos explica-se, também, pela crise política que Espanha está a viver. O jovem português que reside em Madrid afirma que “os espanhóis estão mais preocupados com o facto de Zapatero ter dito que não voltaria a recandidatar-se do que com este grupo de recém-licenciados”.