A Câmara Municipal do Funchal (CMF) aprovou o projecto arquitectónico de Cláudio Wanderley e Luís Nova para aproveitar as estruturas do antigo matadouro municipal e criar um centro cultural que vai funcionar como museu de arte moderna dinâmico. O espaço, transformado para acolher a colecção doada por Joe Berardo, será o primeiro museu de Art Déco na Península Ibérica.

As obras, com duração prevista de 14 meses, arrancam no final do mês de Maio. O investimento camarário ascende a 1,8 milhões de euros, com uma comparticipação de 20% do Programa de Intervenção do Turismo. Com a oportunidade de ter no Funchal uma das melhores colecções de Art Déco da Europa, a CMF, presidida por Miguel Albuquerque, optou por adaptar o edifício do matadouro a um espaço museológico.

Azul de Ives Klein na rota do teleférico

Sem alterar a estrutura e volumetria, nem descaracterizar o antigo edifício, os arquitectos Cláudio Wanderley e Luís Nova procuraram adaptá-lo à sua nova vocação de espaço de arte e cultura. “É uma espécie de mudança do uso e da imagem através da cor, sem exigir grandes investimentos”, esclarece Cláudio Wanderley.

Os arquitectos optaram pelo azul do artista plástico Ives Klein, utilizado em arquitectura por Majorelle. Cláudio Wanderley explica que a cor dá “uma força muito grande ao volume construído”. O edifício do antigo matadouro, da autoria dos arquitectos Couto Martins e Miguel Jacobettey, tem “volumes muito generosos” e umas infra-estruturas do período do Estado Novo, de que importa “guardar vestígios”.

Por outro lado, o novo centro cultural está na rota do teleférico, “o que chama a atenção para a cobertura do prédio”. Assim, além do azul predominante, importa tirar partido da “quinta fachada [que corresponde à cobertura], onde haverá jardins e uma cafetaria”, vistos do teleférico.

O projecto propõe uma entrada pela via rápida, que leva a “uma grande praça com estacionamento”, explica o arquitecto. Internamente, “o museu desenvolve-se em dois níveis com funções múltiplas e didácticas”. Num dos espaços, a colecção permanente de Art Déco da Fundação Berardo, exposta temporariamente na Casa das Mudas. No segundo nível, exposições itinerantes, que deverão acontecer esporadicamente.

Desta forma, é “um prédio antigo que facilmente fica actual”, afirma Cláudio Wanderley. Até porque “a simplicidade é o sucesso do projecto, considera. “Não sendo uma obra cara, é uma obra de impacto num local de turismo, que é uma indústria importantíssima em Portugal”. A Madeira é um atractivo pelo clima e, se “acrescentarmos a vertente cultural, consolida e requalifica o turismo”, garante.