O pedido de ajuda financeira, por parte de Portugal, ao Fundo Monetário Internacional (FMI), foi feito por José Sócrates.Com a chegada do FMI, prevê-se mais medidas de austeridade. Aumento de impostos, cortes nas prestações sociais, redução de pensões e salários são apenas algumas das medidas que podem estar a chegar.

Olli Rehn, Comissário Europeu dos Assuntos Económicos, revelou, esta sexta-feira, que o programa de ajudas a Portugal terá a duração de três anos e vai ascender a cerca de 80 mil milhões de euros. De acordo com o Comissário, o plano “inclui um grande programa de privatizações” e será fechado e aprovado a 16 de Maio. Rehn adiantou ainda que parte do dinheiro chega a Portugal ainda em Maio.

A preparação do programa de ajustamento económico que constitui a contrapartida da ajuda vai “começar imediatamente”, afirmou Jean-Claude Juncker, ministro das Finanças do Luxemburgo e presidente do Eurogrupo.

Os moldes da ajuda só poderão serão definidos após uma avaliação que será feita pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e FMI. No entanto, “o governo português terá que chegar a um consenso” entre o principal partido da oposição, uma vez que é uma “condição para o apoio da ajuda externa”, esclareceu Miguel Fonseca, professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP).

O futuro não é de “optimismo”, mas “esperança”, declarou o economista, no sentido da “mudança relativamente às condições de financiamento”. No contexto actual do país, prevê-se que a ajuda exterior seja mais “severa”, frisou Miguel Fonseca.

O primeiro pedido de ajuda ao FMI por parte de Portugal aconteceu em 1977. Em 1983, o país sentiu necessidade de uma nova ajuda. Actualmente, com a taxa de desemprego acima dos 11% e uma dívida externa galopante devido à subida das taxas de juro internacionais, Portugal vê-se obrigado a recorrer novamente a ajuda externa. Contudo, as medidas que se prevêem são mais exigentes, refere o docente.

Tão cedo não se poderá dizer que “a crise acabou”

“Em 1977 e 1983, Portugal disponha de quatro pratos principais”, parafraseou o economista Miguel Fonseca e, actualmente, “dispõe de dois pratos apenas”. Preocupado com o prazo do apoio, o economista teme que se avizinhe uma situação “gravosa”.

Os próximos dias dos portugueses devem ser encarados “com um ponto de interrogação”. De acordo com Miguel Fonseca, “o português pouco ou nada faz para esta situação”, a não ser “o pecado de ter confiado nestes senhores para gerir o país, depois de 2009”.

A falta de previsão do que poderia acontecer, na economia do país, arrastou a população para uma situação preocupante. O professor de Economia explica que “vai demorar algum tempo” até que se possa dizer com segurança que “a crise acabou”.