O conselho directivo da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), reunido em Daegu (Coreia do Sul), publicou hoje, terça-feira, o primeiro regulamento específico para mulheres com hiperandrogenismo. Segundo a Agência Lusa, a IAAF torna-se, assim, a primeira federação desportiva a aprovar legislação nesta matéria, após um estudo realizado nos últimos 18 meses por um grupo de especialistas da comissão médica do Comité Olímpico Internacional.

A androgenia, reconhecida desportivamente por este estatuto, refere-se à mistura de características femininas e masculinas num único ser. No caso das mulheres, por norma, a androgenia dá-se através da presença de elevados níveis de hormonas masculinas.

No entanto, a nova regulamentação determina que a competição atlética vai continuar dividida nas categorias masculina e feminina e reconhece que há uma diferença de rendimento desportivo entre homens e mulheres devido ao aumento dos níveis das hormonas androgénicas nos homens.

As mulheres com hiperandrogenismo (ou seja, com elevados níveis de hormonas masculinas), legalmente reconhecidas como mulheres, vão poder participar em competições femininas de atletismo, desde que os seus níveis de hormonas masculinas sejam inferiores aos dos homens. A medição hormonal é feita através dos níveis de testerona.

A regulamentação da IAAF refere que estas mulheres são, também, autorizadas a competir se, mesmo tendo níveis de hormonas masculinas dentro de parâmetros típicos dos homens, tenham resistência às mesmas, não tendo, por isso, qualquer vantagem competitiva.

A nova legislação desportiva surge no âmbito do conhecido caso da atleta sul-africana Caster Semenya, que foi submetida a testes de ADN. A atleta conquistou a medalha de ouro dos 800 metros nos Mundiais de Berlim, em 2009. No entanto, a sua feminilidade foi contestada.