Segundo o relatório “Panorama Económico Global”, elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Portugal vai ser a única das economias periféricas da Zona Euro a estar em recessão, em 2012. O relatório, divulgado esta segunda-feira, aponta para uma quebra de 1,5% na economia portuguesa em 2011 e de 0,5%, em 2012. Por sua vez, Grécia, Irlanda e Espanha vão apresentar taxas de crescimento entre 1,1% e 1,9%.

Segundo a Agência Lusa, na conferência de imprensa do relatório, Olivier Blanchard, economista chefe do FMI, defendeu que os ajustamentos nas economias a receber ajuda externa “vão levar muitos anos”. Para além disso, o economista considera que é “muito cedo” para fazer uma avaliação do resultado dos programas de ajuda à Grécia e à Irlanda, que têm sido criticados a nível interno.

Os défices correntes na Irlanda e em Espanha (embora em menor grau) caíram no último ano para níveis mais sustentáveis, enquanto que, no caso português e grego, permanecem “excessivamente altos” com 10,4% e 9,9%, respectivamente. “Há sinais de inversão nestes quatro países”, aponta o “Panorama Económico Global”. Por outro lado, o relatório do FMI aponta um crescimento de 2,4% nas economias desenvolvidas, para este ano, e 2,6% para o próximo. No entanto, estes valores estão abaixo do ritmo de crescimento das economias dos países em desenvolvimento: 6,5% em 2011 e 2012.

O FMI recomenda reformas que contribuam para o aumento da produtividade e para ajustamento dos custos laborais, promovendo negociações salariais descentralizadas nas economias periféricas da Zona Euro. “É muito importante perceber que a Irlanda, Grécia e Portugal têm um trabalho muito difícil a fazer ao nível orçamental e macroeconómico”, disse Blanchard.

“A consolidação orçamental em curso para lidar com os níveis de endividamento público elevado destes governos também vai contribuir para o ajustamento externo”, sublinha o relatório. A curto prazo, “aumentar impostos ou cortar despesas públicas melhora o défice corrente restringindo a procura interna, incluindo importações”. Mas, a médio prazo, “será útil criar folga para cortar impostos, dando, assim, apoio ao investimento privado e ao lado oferta”, adianta o relatório divulgado esta segunda-feira pelo FMI.