Com o objectivo de tornar o uso quotidiano da bicicleta uma experiência “intuitiva e agradável”, surge em 2009 a Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi). A MUBi reúne utilizadores da bicicleta como meio de transporte, que procuram “promover a adopção da bicicleta de forma utilitária e contribuir para que existam melhores condições de segurança e conforto para os ciclistas urbanos”, explica Rui Soares Costa, coordenador do projecto Bike Buddy.

Resultante da interacção com as pessoas que procuram adoptar a bicicleta como veículo prioritário de deslocação, o Bike Buddy pretende auxiliar as pessoas a ultrapassar o “obstáculo psicológico” adjacente à “ideia de que os condutores são agressivos e as estradas podem ser perigosas”. Rui Soares Costa refere que, por isso, decidiram “oferecer um serviço mais geral para qualquer pessoa que saiba andar de bicicleta mas que não se sinta muito à vontade para enfrentar a voracidade da cidade. Nós estamos disponíveis para ajudar a dar este passo”.

Para fazer parte da família Bike Buddy basta apenas ser sócio da MUBi, sendo necessário preencher um formulário online na página web da Associação. O conceito Bike Buddy não é o de uma aula convencional, não existindo uma “relação professor/aluno”.

O Bike Buddy é “uma pessoa que está disponível a ir para a rua para acompanhar, de forma mais ou menos continuada, uma pessoa nas suas primeiras deslocações”, que se dispõem a esclarecer quais “as bicicletas mais adequadas, as vantagens dos equipamentos e com o que é que as pessoas se devem preocupar ao adoptar a bicicleta como meio de transporte”.

Não é preciso usar licras para pedalar

Para Rui Soares Costa, em Portugal “não existem as infra-estruturas de qualidade” para andar de bicicleta “e as cidades não foram desenhadas e pensadas para uma mobilidade deste tipo”. Mesmo assim, o coordenador considera que “não é preciso esperar que as infra-estruturas sejam criadas para adoptar a bicicleta como veículo”. Contudo, Rui Soares Costa espera que, no futuro, essas falhas sejam colmatadas.

E para aqueles que pensam que andar de bicicleta implica o uso de fato-de-treino, Rui Soares Costa acredita que as pessoas “tendem a complicar” e garante que isto “pode ser feito de forma absolutamente casual. “As pessoas não precisam de utilizar licras, podem andar como se fossem à ópera ou ao teatro e na mesma circular de bicicleta”, brinca.

Para já, a iniciativa conta com 30 Bike Buddys que estão concentrados em Lisboa. Mas as expectativas são as de expandir o projecto a outras cidades, tal como Porto, Braga, Vila Real e Évora. Desta forma, pretende-se trazer novos utilizadores para as cidades porque, como explica Rui Soares Costa, “quanto mais as pessoas passam por esta experiência de estar em cima de uma bicicleta, não como um hobby mas como um meio de transporte, mais as pessoas sabem que faz todo o sentido”.