Começou a palestra com o caso português de Cavaco Silva. Porque é que decidiu falar sobre ele primeiro?

Por estar no Porto decidi usar um caso português, tal como fiz em Viena ou em Paris. Ao vir cá, resolvi observar os políticos portugueses no Twitter e descobri as contas do primeiro-ministro e do Presidente da República e pensei logo começar com esses exemplos. Uma hora antes da palestra, disseram-me que aquela conta oficial [de Cavaco Silva], com dois anos e 15 mil seguidores, não era a única. Então, encontrei a outra que está ligada ao Facebook e resolvi colocar essa no primeiro slide.

Disse, na sua palestra, que “os tweets tornam os governos mais humanos”…

Absolutamente. Depende é da forma como são feitos. Por exemplo, os tweets da Presidência não são muito interessantes, pois são gerados automaticamente. Mas quando há alguém que responde pessoalmente, como o Presidente da União Europeia… nota-se que é ele e não alguém da equipa de comunicação. Pela primeira vez, temos políticos que partilham momentos no Twitter. Isso humaniza-os e podemos comunicar com eles. Para além disso, se enviares algum tweet eles podem não ver, mas os assessores sim e, se for realmente importante, eles reagem.

Acha que as pessoas fazem perguntas directamente aos seus políticos porque sabem que eles vão ler?

Acho que vamos ver cada vez mais pessoas a contactar directamente os seus presidentes, para protestar, insultar ou encorajar. Há uma nova interacção entre a população no Twitter e os líderes. Há “citizen journalism” nos meios de comunicação social, e, se isso existe, também pode haver “presidencial journalism”. Está agora a começar. Se contactarmos directamente os governos, não precisamos dos meios de comunicação. Toda a gente tem novas funções.

Pensa que os políticos podem melhorar os seus planos porque sabem o que as pessoas gostam e o que não gostam?

Claro que sim. Todos os governos estão a analisar o que está a ser dito e escrito sobre eles. Todos nós fazemos o mesmo nas redes sociais, mas com ferramentas diferentes. Dois dias antes de algo chegar aos média, nós já o tínhamos visto nas redes sociais. Esses temas têm muita energia, podemos reagir a eles muito rapidamente e essa é a nova realidade.