Qualquer embate entre Real Madrid e Barcelona é sempre precedido por outro jogo: o da troca de palavras. Como se sabe, José Mourinho é um mestre nesse aspecto e, na conferência de imprensa de antevisão da partida, não deixou escapar a oportunidade para se adiantar no “marcador”.

O técnico português criticou Josep Guardiola por este fazer parte de um “terceiro grupo” de treinadores, ou seja, aqueles que “criticam o árbitro quando este toma uma decisão acertada”, como acabou por se concluir que fez o juiz da final da Taça do Rei, neste caso no fora-de-jogo assinalado a Pedro Rodríguez, na segunda parte da partida. Com efeito, a conquista da taça pelos “merengues” parece ter “mexido” com Guardiola que, na sua conferência, respondeu a Mourinho de uma forma como nunca se viu o espanhol fazer.

O treinador catalão começou por “provocar” o português: “Amanhã (hoje) enfrentamo-nos dentro do campo às 19h45. Fora do campo, ele (Mourinho) tem ganho durante todo esta época e vai continuar a ganhar no futuro. Entrego-lhe a sua “Champions” particular pelo que tem feito fora de campo, que a desfrute como tem feito com todas as outras. (…) Nesta sala, ele é o que mais sabe no mundo e nem quero competir com ele. Só lhe recordo que estivemos juntos quatro anos: ele conhece-me e eu conheço-o.”

Num registo raro de se ver em Guardiola, parece que o espanhol começa a ceder aos jogos mentais de José Mourinho. Na realidade, o português não poderia ser mais cerebral, na medida em que, no seu “tempo de antena”, fez referência a um dos mais conceituados cientistas de todos os tempos, que é também seu “reforço”: Albert Einstein. Passe-se à explicação: Mourinho revelou que um dos factores de motivação dos seus jogadores está nas palavras do famoso físico: “Um dia, Albert Einstein disse que a única força motriz mais potente que o vapor, electricidade e energia atómica, é a força de vontade. E Albert Einstein não era estúpido.”

Força de vontade é aquilo que, por certo, não vai faltar às duas equipas que se vão apresentar esta quarta-feira, pelas 19h45, no relvado do Santiago Bernabéu, em Madrid. Afinal, trata-se da primeira mão da meia-final da Liga dos Campeões, a mais conceituada prova de futebol, acrescida ao facto de ser entre arqui-rivais do mesmo país. Tendo em conta que o Real Madrid está mais forte do que estava na primeira metade da época, comprovam-no os dois últimos jogos diante do Barça, o mais provável é assistir-se a um duelo “titânico”.

Em termos práticos, é provável que José Mourinho mexa na defesa e no meio-campo, no que diz respeito às recentes equipas que pôs a jogar frente aos “blaugrana”. Isto porque não pode contar com o centro-campista Khedira, que se lesionou, e com Ricardo Carvalho, castigado pela acumulação de amarelos. Contudo, Pep Guardiola também deve fazer alterações nos mesmo sectores, porque não tem à disposição dois lesionados: Adriano, defesa-esquerdo, e Iniesta, médio criativo. Referência para Cristiano Ronaldo que, se vir um cartão amarelo, fica de fora do encontro da segunda mão.

Em termos históricos, o Real Madrid já eliminou o Barcelona por duas vezes (1960 e 2002), nas meias-finais da “Champions”, edições em que o clube acabou sempre por se sagrar campeão europeu. Acrescida a essa lembrança, José Mourinho pode recordar aos seus jogadores a experiência que teve, na época passada, diante dos catalães, quando estava “ao leme” do Inter de Milão. Também nessa meia-final, eliminou o Barcelona e conquistou o troféu pelos italianos. São histórias para partilhar.