Plié, Pirouette, Attitude. Estes são alguns termos técnicos de dança normalmente associados à graciosidade das bailarinas. No entanto, são muitos os homens que também os sabem, na ponta da língua e na ponta dos pés. Desde a dança clássica ao ballet, passando pelo contemporâneo, os bailarinos assumem um papel fundamental no palco.

Eliézer Bunga, aluno da escola de dança Ginasiano, admite que a dança no sexo masculino é condenada pela sociedade por “estar associada à homossexualidade”. Apesar da estranheza, Eliézer considera que “a mentalidade portuguesa está a mudar” e as pessoas começam a perceber que “não é por os bailarinos usarem collants que são diferentes dos outros rapazes.

João Dinis pratica dança desde os nove anos, influenciado pela própria familía. “Era uma arte que não me interessava, até experimentar”, conta. Agora faz da dança um modo de vida. Apesar de ser uma paixão, ainda está indeciso quanto ao futuro, devido “às dificuldades de arranjar emprego nesta área”.

A questão do preconceito em relação à dança no masculino é transversal à maior parte dos bailarinos. João Dinis conta que “avalia a mente das pessoas” antes de revelar que estuda dança. As reacções podem ser muito diferentes. “Umas pessoas reagem muito bem, outras afastam-se”, conta. No entanto, o bailarino continua a desconfiar de algumas reacções positivas, considerando que, muitas vezes, “as pessoas parecem aceitar bem mas, no fundo, sentem repulsa”.

Francisco Pinto tem um início de percurso bem diferente. A escola que frequentava tinha uma frequência obrigatória de aulas de dança e foi aí que começou o “bichinho”. Das aulas básicas ao Ginasiano, foi um passo natural. Apesar de os pais aceitarem a sua vocação, o mesmo não acontece com os avós, que “não entendem que a dança possa ser uma profissão”, conta.

Apesar de ter que lidar com o preconceito e com a oposição de parte da família, Francisco continua a estudar e ensaiar com afinco, na tentativa de alcançar o máximo do seu potencial.

Mesmo continuando a a ser associada ao sexo feminino, a arte da dança conta já com muitos bailarinos que, depois de passarem pelas escolas de formação, brilham em palcos nacionais e internacionais.