Áreas como o desporto e lazer, o habitat e a construção, saúde e bem-estar ou protecção individual são os mercados com maior potencial e aqueles em que a indústria têxtil portuguesa tem apresentado mais projectos inovadores recentemente.

Na próxima edição da Techtextil, a maior feira de têxteis técnicos e não-tecidos do mundo, que decorre de 24 a 26 de Maio, em Frankfurt, vão estar algumas destas empresas. A Associação Selectiva Moda vai estar presente com uma delegação composta pela Active Space Technologie, Artefita, Coltec, Cordex, ERT, Endutex, Fitor, Foot By Foot, Gulbena, Safina e Lankhorst Indutech/Cerfil. O JPN dá a conhecer alguns destes projectos.

Casaco com controlo térmico

Um casaco capaz de gerir a sua própria temperatura, sem qualquer necessidade de intervenção do utilizador, é o projecto Gathergy, da Active Space Technologies. Este sistema permite refrigerar e aquecer o interior do casaco, dependendo das necessidades específicas do utilizador, mesmo em condições atmosféricas extremas.

Embora a Active Space Technologies seja uma empresa de engenharia electrotécnica e mecânica, está a desenvolver projectos na área do têxtil. A ideia subjacente ao projecto Gathergy enquadra-se no conceito de vestuário inteligente, também conhecido por “i-wear”, afirma Abel Mendes, responsável pelo projecto.

De entre os inúmeros potenciais utilizadores destacam-se bombeiros, militares, motoqueiros, desportistas náuticos, mecânicos, pilotos de planadores, expedições polares e exploração de deserto ou de plataformas petrolíferas. O conceito Gathergy está patenteado em diversos países europeus, no Japão e na Austrália.

Nova matéria-prima para a fibra de carbono

Esta nova matéria-prima para a produção de fibra de carbono é um projecto “revolucionário, como foi o alumínio relativamente ao aço”, garante Ana Paula Vidigal, responsável pela Inovação e Desenvolvimento da Fisipe, ao JPN. Desde 2006 que a empresa tem em curso um projecto “que visa desenvolver a matéria-prima para fazer a fibra de carbono”.

A fibra de carbono vai tornar os materiais mais resistentes, mas simultaneamente mais leves. A indústria automóvel e da energia eólica são os grandes destinatários. “As pás dos aerogeradores, que são predominantemente feitas com fibra de vidro, vão passar a ser feitas com fibras de carbono”, exemplifica Ana Paula Vidigal. Além disso, vai ser possível fabricar automóveis e aviões “extremamente leves e que consomem muito menos combustível”, bem como materiais desportivos (bicicletas e tacos de golfe) mais leves.

A fibra de carbono já existe no mercado, mas utiliza maioritariamente fibra acrílica como matéria-prima. A Fisipe investiu cerca de 6 milhões de euros no projecto de produção de uma nova matéria-prima. Neste momento, a empresa está a introduzir os novos materiais no mercado e a testá-los nalguns clientes.

Centro tecnológico reúne vários projectos

Hélder Rosendo, sub-director-geral do centro tecnológico Citeve, revela ao JPN um projecto que envolve 21 empresas e que vai desenvolver trabalhos tão diversos como “materiais inteligentes para o interior dos automóveis, materiais inovadores do ponto de vista de protecção ao fogo e aos agentes químicos, novos conceitos para as lojas do futuro”, assim como “encontrar novas propriedades em materiais convencionais”, entre outros.

Hélder Rosendo destaca, também, um projecto conjunto com a empresa TR Têxteis, para desenvolver “um blusão para a prática de actividades de montanha em temperaturas extremas, que possui localização por GPS integrada, monitorização do ritmo cardíaco, monitorização da temperatura do próprio alpinista e da sua envolvente na montanha”.