“Que a Força esteja contigo” (“May the Force be with you”). Esta é, em português, a expressão mais conhecida de “Star Wars” (“A Guerra das Estrelas”), saga que teve origem em 1977, com o primeiro filme do produtor norte-americano George Lucas sobre as guerras espaciais entre o lado bom e o lado negro da Força. Desde então foi dada sequência a mais cinco filmes que, ainda hoje, atraem fãs e fanáticos para a lista de seguidores de Darth Vader, Luke Skywalker e companhia.

Uma tão grande facção de adeptos teria que ter um dia próprio para dar largas à devoção pelo universo “Star Wars”. Desta forma, a ter que se escolher uma data, nada melhor do que 4 de Maio. Mas porquê este dia? Trata-se de uma pergunta legítima, na medida em que nenhum filme da saga foi lançado a 4 de Maio, nem nenhum acontecimento relativo ao mundo criado por George Lucas incidiu naquele dia.

Por certo, qualquer recente fã português também não compreenderá a associação, mas apenas porque a “brincadeira” provém do contexto anglo-saxónico. A conhecida expressão “May the Force be with you” deu origem, poucos anos após o primeiro filme, ao dito “May the Fourth be with you” (“Que o 4 de Maio esteja contigo”). Várias fontes apontam para que, nesse dia do longínquo ano de 1979, os fãs da também longínqua galáxia tenham adoptado a feliz junção de palavras que o partido de Margaret Thatcher colocou num jornal inglês, para publicitar o apoio à candidata a primeira-ministra. “May the Fourth be with you, Maggie. Congratulations” foi o bastante para os seguidores de “Star Wars” instituírem um “feriado” não oficial.

Os filmes da saga de Lucas

A saga “Star Wars” é composta por seis filmes, divididos por duas trilogias. A 1.ª Trilogia teve início com “Star Wars Episode IV: A New Hope”, em 1977, seguido de “Star Wars Episode V: The Empire Strikes Back”, em 1980, e três anos mais tarde, “Star Wars Episode VI: Return of the Jedi”. Só em 1999 George Lucas retomou a saga com o arranque da 2.ª Trilogia: “Star Wars Episode I: The Phantom Menace”, “Star Wars Episode II: Attack of the Clones” (2002) e “Star Wars Episode III: Revenge of the Sith” (2005). Em 2008, foi acrescentado um filme de animação (“Star Wars: The Clone Wars”).

Ao olhar em perspectiva, percebe-se que foram necessários dois anos (o primeiro filme da saga foi lançado em Maio de 1977) e uma senhora inglesa para que o universo imaginado por George Lucas tivesse um dia próprio de celebração. Com uma maior incidência nos EUA, como seria de esperar, é costume que, a 4 de Maio, os aficionados por “Star Wars” se juntem em actividades relacionadas com a mais famosa guerra estelar, que vão desde a partilha das chamadas figuras de acção à disputa de videojogos e passam, ainda, por serões em casa uns dos outros para se assistir aos filmes das duas trilogias.

A “Guerra” em Portugal

Em Portugal, “A Guerra das Estrelas” também reúne os seus seguidores. O Star Wars Clube Portugal é o melhor exemplo disso mesmo. Paulo Oliveira, responsável pelo grupo criado em 2007, diz ao JPN que o único requisito para se ser sócio “é gostar de Star Wars”. “O clube foi fundado mais pela vertente do coleccionismo de objectos da saga. Com o passar do tempo é que começamos a alargar os nossos horizontes: passamos a ir a certos eventos, a organizar encontros próprios e a mostrar as nossas peças”, explica o responsável pelo clube.

Com cerca de 115 sócios na actualidade, a abrangência não fica por Portugal. “Também temos sócios no Brasil e em Espanha”, informa Paulo Oliveira. Também internacional é o trabalho que o grupo tem desenvolvido, espelhado nos conteúdos do respectivo blogue. Por entre arquivos de informação, saltam à vista as inúmeras entrevistas levadas a cabo pelo clube, feitas a actores e profissionais que estiveram ligados aos filmes. Na sua maioria britânicos – “são uns verdadeiros cavalheiros”, confessa Paulo Oliveira – os entrevistados vão desde “stormtroopers” e aliens, à pessoa que manipulou o braço esquerdo da criatura Jabba the Hutt ou ao actor que “movimentou” o dróide R2-D2.

Kenny Baker, que interpretou este robô, foi uma das pessoas que o responsável do Star Wars Clube Portugal mais gostou de entrevistar. Como era anão, o actor tinha a estatura indicada para levar a cabo aquele papel mas, esse factor, aliado ao facto de ter de vestir uma peça complexa, revelava-se, por vezes, de pouca sorte, dando origem a peripécias hilariantes. Algumas delas, Kenny Baker contou a Paulo Oliveira, que por sua vez partilhou com o JPN.

Do universo “Star Wars”, Portugal não conta apenas com o clube oficial de fãs, pois “o lado negro da força” também está presente em território nacional. A Legião 501, conhecida ainda como “O Punho de Vader” (Darth Vader), é a facção portuguesa da organização de fãs internacional com o mesmo nome, promovida pela própria “Lucasfilm”. A legião é composta por fãs da saga que vestem réplicas dos fatos originais das tropas subordinadas a Darth Vader e participam em eventos, como acções de caridade. Ainda assim, são os fatos que ostentam que mais impressionam as pessoas. Adstritos a certos parâmetros, “são bastante caros”, conta Paulo Oliveira.

Mas quer seja através do trajar de réplicas de uniformes, quer de entrevistas a verdadeiros símbolos dos sucessos cinematográficos, a paixão pela mitologia Star Wars é só uma. Nem mesmo a existência de um dia específico de celebração consegue reproduzir todo o encanto que os fãs nutrem pela saga. Para isso, seriam precisos muitos dias.