Mesmo após longas horas a percorrer as ruas do Porto, os estudantes não ficaram em casa. No Queimódromo, o já habitual Quim Barreiros animou as hostes, com as não menos habituais rimas populares. A Banda Red, que precedeu o “rei da Queima”, não fez por menos e, aos poucos e poucos, o público ia chegando.

As cervejas, as caipirinhas e os shots, as bebida mais procuradas nas barracas, também ajudaram à festa. Nas barracas, todos brindavam, cantavam, dançavam. Para muitos estudantes, caloiros ou cartolados, esta noite é mesmo assim: (quase) sem limites. É a festa depois do cortejo: para os caloiros, que deixam de o ser, e para os finalistas, que passam pela Tribuna uma última vez.

Ricardo Arem, finalista de Gestão do Património na Escola Superior de Educação, disse ao JPN que “esta Queima tem um sabor diferente”, uma vez que é a “última enquanto estudante”. Em relação à quarta noite de festa, Ricardo é peremptório. “Este dia é só dos estudantes, estamos todos aqui e somos todos iguais, é o melhor dia”, garante.

Para o finalista de Medicina Alexandre Magno, a Queima está a ser “mais ou menos” igual a todas a outras. “Moderação, festa. Claro que é diferente depois de seis anos, é a última queima como estudante, mas no fundo é o mesmo”, disse o futuro médico ao JPN.

Os caloiros também vivem estes dias muito intensamente. É o caso de Filipa Silva, estudante do primeiro ano na CESPU. “É a minha primeira Queima como estudante na faculdade, estou a vivê-la com muito mais pujança do que antes. Estou cansada por causa do cortejo, mas divirto-me muito na mesma”, afirmou a caloira.

Raquel Marques também é caloira, mas na ESTSP. Tal como Filipa, a jovem estudante vive de forma especial a Queima das Fitas. “O cortejo é muito cansativo, mas estou aqui a divertir-me. Não gosto de Quim Barreiros, mas é festa na mesma”, garantiu.

Banda Red abriu a quarta noite de Queima

Pouco passava das 23h00 quando a Banda Red subiu ao palco e o cortejo ainda passava nos Aliados. No entanto, aos poucos e poucos, o público foi chegando. E aplaudindo. E fazendo coro aos covers que este trio de Coimbra canta. Da escolha musical para este concerto faziam parte grandes êxitos dos anos 80 mas, também, temas recentes e bem conhecidas do grande público. Das Doce a Katy Perry, ou dos Village People a Lady Gaga, o público vibrou com o grupo, que esteve da Queima do Porto pela primeira vez.

Já em conferência de imprensa, a Banda Red assumiu ao JPN que, apesar de terem sido os primeiros a actuar, sabiam que “aos poucos e poucos o povo ia chegando”. “Em pouco tempo, o espaço foi ficando cheio”, adianta um dos vocalistas da banda. O trio assume um “balanço positivo”.

Quim Barreiros, o veterano da Queima do Porto

“Sou mais que veterano na Queima das Fitas. Em 87 foi a primeira vez que vim ao Porto”. Quim Barreiros destaca as diferenças desde a década de 80 para a actualidade. “Isto está sempre a crescer, é uma multidão enorme, não pára desde a primeira vez que vim ao Palácio de Cristal”. Para o cantor popular, actuar no Porto é como “jogar em casa, é como jogar no Dragão”.

Neste concerto, o “rei da Queima”, como foi já apelidado, apresentou alguns temas do seu mais recente álbum. Apesar de ter uma sonoridade um pouco mais infantil, a “malandrice”, como o próprio lhe chama, continua lá. O público acompanha a plenos pulmões, quer sejam temas antigos ou recentes. Desde o “Mestre da Culinária” ao “Brioche da Sofia”, todos cantam. “A malta acompanha, os espectáculos com os jovens acabam por ser os mais fáceis. Eu dou o acorde e depois eles é que cantam. É mais fácil do que numa aldeia, em que eu canto e os velhotes ficam a olhar para mim”, afirma o artista.

Em relação ao último disco, Quim Barreiros destaca a sua fonte de inspiração para escrever as músicas “infantis”. “Eu tenho um neto com quatro anos, que tem frases ingénuas. Ele anda por lá, e vai falando dos pintos, dos tomates da horta, e eu escrevo. Foi assim que surgiu a música que cantei hoje”, adianta o cantor.

Quim Barreiros falou um pouco sobre a sua participação nas queimas, desde o início até agora. Quando questionado acerca da dificuldade de animar o público depois de um cortejo longo e cansativo, o músico refere que já está num ponto em que, “quando se entra, parece que se vê muita gente, mas depois, não se vê nada. Quando se sobe lá acima, passa tudo”. “Estou à vontade em cima do palco”, garante Quim Barreiros.