O Hospital da Ordem do Carmo, no Porto, não tem pago os salários aos funcionários. Cansados do atraso, os empregados protestaram, esta sexta-feira, na Praça Carlos Alberto, no Porto, com a presença do deputado pela CDU, Honório Novo. “Não é aceitável manter trabalhadores ao serviço sem lhes pagarem”, considera o deputado, em declarações ao JPN.

“Uns têm dois meses de salários em atraso, outros têm contratos suspensos e já não recebem há três meses e os reformados deixaram de receber o complemento de reforma há quase um ano”, revela Honório Novo. “É inaceitável e ilegal”, acrescenta. O deputado compromete-se a confrontar o ministério do Trabalho de “uma forma imediata e urgente”.

Os funcionários uniram-se e organizaram-se para que a denúncia viesse a público e, assim, aguardar uma nova posição por parte do Hospital. Rosário Pinho, uma das funcionárias, tem dois ordenados em atraso e, com estas condições, “não há maneira de pagar o crédito habitação, as contas de casa, nem dar de comer aos filhos”, reclama. Do ministério do Trabalho, aconselharam-na a suspender o contrato por falta de pagamento e, até esta data, não receberam “mais nenhum”, relata.

Os funcionários que ainda estão no activo “trabalham num ambiente de stress e sentem-se ameaçados”, confessa Rosário Pinho. Para evitar esta situação, os trabalhadores no activo rescindiram a suspensão “para receber 200 ou 300 euros que restava de Fevereiro”, conta. A funcionária não percebe por que pagaram a uns e não pagaram a outros, alegando que é “uma discriminação e uma injustiça”. “Alguém tem de vir dar a cara e explicar a distinção”, conclui Rosário Pinho.

Carlos Moreira, outro dos funcionários com salários em atraso, está com o contrato supenso e sente-se num aperto. “Os ministérios da Justiça e do Trabalho têm de trabalhar em conjunto porque alguma coisa se está a passar”, considera. O funcionário não compreende como é que uma instituição com quase 300 anos gera fortunas e, desde 2000, “começa a afundar”. Carlos Moreira questiona-se pelo dinheiro dos serviços prestados e dos bens fornecidos, considerando que “tudo se deve a uma má gestão”.

Honório Novo aplaude a iniciativa dos funcionários e considera que “os protestos são o caminho da luta, o caminho da resistência e o caminho da denúncia pública”. Revela que a única arma que os trabalhadores dispõem, nos próximos tempos, são as eleições de 5 de Junho em que, através do voto, podem inverter a situação. Para o deputado, “não é de admirar” o atraso do pagamento dos ordenados, devido à situação económica do país, mas é uma realidade “que tem de ser contestada e convertida”.

O JPN tentou entrar em contacto com o Hospital da Ordem do Carmo, mas não foi possível obter declarações em tempo útil.