O dicionário de língua portuguesa define “felicidade” como o “estado de quem é feliz; contentamento; bem-estar” e descreve “riso” como “acto ou efeito de rir, alegria”.

Num contexto de crises financeira e política, muitos são os países que se encontram em situações complicadas, que afectam todos e cada um. E, no dia em que se celebra o Dia do Riso, 7 de Maio, “felicidade” e “riso” são palavras que, para muitos, começam a tornar-se estranhas.

Portugal está habituado a ver o seu nome entre os primeiros nas listas dos povos mais pessimistas, deprimidos e desconfiados. Dois milhões de portugueses sofrem de depressão, sendo as mulheres as mais afectadas e a Organização Mundial de Saúde prevê que esta será a patologia mais dispendiosa para o Estado português em 2020. Só nos últimos cinco anos, o consumo de anti-depressivos e ansiolíticos aumentou 25% no país.

Para contornar os obstáculos, Alexander Kjerulf, o maior especialista do mundo sobre a felicidade no trabalho, tem alguns conselhos. O dinamarquês, que vai estar presente na iniciativa Talks 2.0 deste sábado para falar na conferência “Happiness and Creativity in your Work Life”, alerta que, em primeiro lugar, “as pessoas devem concentrar a sua atenção naquilo que realmente interessa: amigos, família, a boa vida”. O especialista refere que, “mesmo durante uma crise financeira, estas coisas não desaparecem e devem continuar a ser aproveitadas”. Aqueles que são afectados pela conjuntura actual tendem a relembrar o passado e, para Alexander Kjerulf, “demasiadas pessoas apenas se preocupam com aquilo que perderam e não com aquilo que ainda têm”, quando, na sua opinião, deveriam “focar-se no que possuem”.

Quem pensa que o difícil momento actual é factor de desmotivação individual pode estar enganado. Na opinião de Alexander Kjerulf, “as pessoas estão mais motivadas para trabalhar, pois o trabalho tornou-se mais desafiador e interessante”. “Cada vez mais o trabalho consiste no conhecimento, na criatividade e na informação, e isto é, frequentemente, motivador”, explica. O especialista relembra que “um período de crise financeira também abre a porta a novas oportunidades”. “Com as ideias certas, é possível ser-se bem sucedido em tempos complicados”, acredita.

Na luta pela felicidade, muito pode ser feito. Em Portugal, assistimos, por exemplo, ao protesto “Geração à Rasca”, onde se ouviram as vozes daqueles que procuram uma oportunidade para serem felizes. Mas as revoluções no Egipto e na Líbia são, também, exemplo disso. Alexander Kjerulf realça que os cidadãos “devem ser activos e envolver-se para melhorar a sociedade”. “As pessoas devem-se envolver na política ou trabalhar para mudar as leis, o sistema financeiro e a opinião pública”, defende o especialista, “para que, desta forma, não seja necessário passar por crises como esta de oito em oito ou de dez em dez anos”.

Para não perder o sorriso

Segundo um estudo do Eurobarómetro relacionado com a opinião pública na União Europeia, de Outubro de 2010, Portugal está entre os países mais pessimistas da Europa. 93% dos portugueses vêem o quadro económico de Portugal como “mau” ou “muito mau” e a grande maioria está pessimista no que se refere ao emprego.

Mas, apesar da conjuntura actual, ao longo dos tempos tem-se assistido, em Portugal e noutros países, a uma evolução nas mais variadas áreas, evolução essa que contribui para o aumento da qualidade de vida e, consequentemente, para a nossa felicidade . “Com a crise financeira, a felicidade está a decrescer um pouco, mas não muito. Em geral, a felicidade tem vindo a aumentar lentamente nos últimos 50 anos”, entende.

E para sorrir, não só neste sábado, mas durante todo o ano, o especialista em felicidade no trabalho refere aspectos importantes e pontos obrigatórios, não só relacionados com o emprego, mas também na vida em geral.

Quanto ao bem-estar no trabalho, Alexander Kjerulf considera existirem duas palavras-chave: “resultados” e “relações”. “Os resultados estão relacionados com fazer a diferença, atingir objectivos, fazer o que se faz melhor e receber o reconhecimento por isso”, explica. Já o item das relações consiste em “trabalhar com pessoas de quem se gosta” e que “gostem de nós e ter uma óptima relação com o patrão ou empregador”, refere.

No que diz respeito à vida em geral, o especialista dinamarquês realça três pontos: “uma boa relação amorosa, amigos próximos e um bom trabalho que tenha significado para a pessoa”, são o mais importante para alguém se sentir plenamente feliz.