Durante seis dias, caminhar é a palavra de ordem. São centenas de quilómetros, todos percorridos a pé, seja ao sol, à chuva, ao calor ou ao frio. Nesta caminhada, não são apenas os peregrinos que trabalham mas também os voluntários que os ajudam a chegar ao seu destino.

A data é muito importante para a religião, para Portugal e, sobretudo, para os peregrinos que vêem realizada a sua crença e as suas promessas nestes dias de caminhada, convívio e fé.

Num grupo de mais de 400 pessoas vindo de Paredes, Olívia Ferreira é uma das mais novas. Tem 28 anos e decidiu pedir férias no seu emprego de operadora de supermercado para percorrer as centenas de quilómetros que a separam de Fátima. Olívia é, ainda, uma principiante nas peregrinações, mas já tem uma certeza: a melhor parte desta experiência é o convívio.

A viagem revela-se cansativa durante os vários dias e as más condições de saúde dos peregrinos podem levá-los a desistir do seu objectivo. José Luís Freire está inserido numa equipa de voluntários que apoia o grupo de peregrinos de Olívia. Já reincidente nesta actividade, José afirma que “o que move cerca de 80% a 90% dos peregrinos são as promessas”. “Os restantes fazem-no pelo desporto, caminhada e pelo convívio”, explica.

A peregrina vem por promessa e fez um percurso que sempre teve a vontade de cumprir, numa viagem pela fé que demorou seis dias.

Calor e chuva são principais obstáculos

O dia começa cedo. Entre as 5h30 e as 6h00 da manhã todos se levantam e, pouco tempo depois, já estão na estrada com as mochilas às costas. “O calor e a chuva são o pior das viagens. A chuva magoa os pés e, com o calor, o cansaço é insuportável”, explica Olívia.

Fernanda Sousa não sofre com a exaustão da viagem, mas com o cansaço do seu trabalho enquanto voluntária. É assistente de cozinha e, por dia, confecciona refeições para cerca de 550 pessoas, todas elas peregrinas e voluntárias. Apesar de não ter nenhuma promessa a cumprir, Fernanda passa, também ela, a semana longe de casa e do trabalho.

Já se encontra familiarizada com o voluntariado através da associação de Paredes, Obra de Caridade ao Doente e Paralítico (OCDP), sentindo uma grande valorização pessoal com este trabalho. “O que me gratifica mais é poder contribuir para a confecção de refeições para algumas pessoas que não têm outra possibilidade. Se não fôssemos nós, não existiria este conforto e muitos peregrinos não teriam possibilidade de vir”, explica a voluntária.

Para o ano haverá mais peregrinações e mais trabalho que, não sendo remunerado, alimenta a alma de quem nele se empenha. A voluntária Fernanda pretende voltar a ajudar aqueles que querem ver as suas promessas cumpridas. Olívia chegou ontem, quarta-feira, a Fátima, mas esta viagem só termina no dia 13 de Maio. Por agora, o seu dever foi cumprido. Como a própria diz, a promessa “está paga”.