Acompanhado de perto por poucos, mas fiéis seguidores, Honório Novo esteve em pré-campanha na Rua de Santa Catarina, no Porto. O candidato da CDU pela cidade Invicta, percorreu a rua lentamente, entrando nas lojas uma a uma e entregando panfletos a comerciante e clientes.

Referindo como “número um das prioridades da CDU relativamente, não só ao distrito, mas a nível nacional, o combate à precariedade neste sector laboral e à generalidade dos sectores laborais em Portugal”, Honório Novo escolheu Santa Catarina para se aproximar dos trabalhadores.

“Hoje, quando se diz que um milhão e 200 mil portugueses trabalham em precariedade está-se a perceber que é uma boa parte da mão-de-obra activa do país que está numa situação de absoluta instabilidade”, explicou Honório Novo. Assim, para o distrito do Porto, o candidato propõe “um programa articulado, que envolva as associações patronais, que envolva necessária e obrigatoriamente o ministério do trabalho e o ministério da economia”, promovendo um combate generalizado à precariedade laboral que permita “transformar uma parte significativa dos postos de trabalho em empregos permanentes e com direitos”, afirmou.

O candidato não acredita que se está a fazer o necessário pela região, já que “os dez concelhos do Porto têm sido duplamente discriminados por sucessivos governos, em termos de investimento público e de desenvolvimento”, propondo “um plano articulado de combate à precariedade, a partir da intervenção da Universidade do Porto, do Instituto Politécnico, também com os sindicatos e com as associações empresariais que apontam soluções de diversificação económica”. Com este plano, o candidato espera “fixar as populações no interior e fazer com que haja uma perspectiva de diversificação económica que permita dar um salto qualitativo”.

Uma das linhas estratégicas do partido é a regionalização, já defendida por Honório Novo no parlamento. O candidato da CDU considerou que os partidos da oposição pretendem “enterrar” esta questão. Ao JPN, Honório Novo não quis sequer mencionar o CDS, partido que sempre se mostrou contra a regionalização, mas afirmou que o argumento do PS e PSD é um “pretexto para a adiarem”. “Dizem que, por estarmos em crise, não é apropriado falarmos em regionalização”, cita. Pelo contrário, Honório Novo considerou ser este o momento “adequado para dar o salto em frente nessa reorganização administrativa” e “para criar os instrumentos necessários para que o Norte e outras regiões do país não permaneçam atadas ao poder centralista de Lisboa”.

“Empréstimo financeiro prevê o desemprego a chegar aos 16% no Porto”

Fazendo um apelo a todos os que se “manifestaram nos últimos tempos”, Honório Novo espera que os portugueses “digam que não é possível criar perspectivas de estabilidade familiar e profissional com um programa de entendimento com o FMI” que, referiu o candidato, “prevê para Portugal uma recessão económica de 4% em 2 anos”. Acrescentou, ainda, que a nível nacional prevê-se que o desemprego atinja os 13%, “isto é, perto de um milhão de portugueses tecnicamente desempregados” e que no distrito do Porto, “possa chegar aos 16%”, salientou.

O ex-eurodeputado entende que o empréstimo externo que Portugal vai receber “condena à submissão e à subjugação perante aquilo que são os interesses económicos dos países mais poderosos da União Europeia”. Para o candidato da CDU, é “inaceitável que três partidos que se dizem portugueses – o PS, o PSD e o CDS – subscrevam uma carta de intenções que condena o país ao empobrecimento e ao subdesenvolvimento”.

Quanto às últimas sondagens, que indicam uma queda, não só do PCP, mas de toda a esquerda, o candidato da CDU pelo Porto não quis fazer comentários. Apenas garantiu que o partido vai continuar a trabalhar e, “até à hora do voto, o PCP vai falar com os trabalhadores”.